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Prólogo

Olá, meu nome é Maria Fernanda! Tenho vinte e sete anos. Todos dizem que sou uma mulher forte, obstinada quando quero algo. Sim! Sou muito persistente. Quando coloco uma ideia na cabeça, não tiro de jeito nenhum. Mesmo que isso possa fazer alguém sofrer. Depois vocês entenderão o porquê de eu ter escrito isso, mas deixe-me continuar. Considero-me uma mulher muito justa, sempre lutei por meus objetivos, meus pais me ensinaram a ser assim. Entretanto, confesso que nem sempre foi possível realizar tudo do jeito que eu queria. Nesse momento, chego a escrever com algumas lágrimas que cismam em rolar pelo meu rosto quando lembro. Mas, como sempre, sigo com minha vida. Passei por algumas situações que não desejo a ninguém e sofri bastante. Hoje resolvi relatar sobre tudo o que aconteceu.

Tudo começou nos primeiros meses de 2015. Infelizmente, passei por uma terrível dor com minha irmã Virgínia naquele ano. E esse foi o mesmo ano que também conheci o Marcelo, o grande amor da minha vida. Mas não pensem que foi fácil, porque não foi nem um pouco, tivemos nossos momentos difíceis. Muito difíceis. Começarei a contar para vocês.

CAPÍTULO 1

Primeiro semestre de 2015. Hoje é quarta-feira, 08 de abril de 2015. Chegando ao aeroporto, puxando minha mala, com meu blazer em mãos, paro, olho ao redor e naquele clima de nostalgia pensando alto, fico entristecida limpando uma lágrima que escorre de meus olhos.

— É Brasil, voltei. Voltei para o Rio de Janeiro. A que custo não é? Meu Deus, como será daqui para frente?

***

Meu nome é Fernanda, tenho 22 anos. Dizem que sou uma mulher admirável, linda por fora e sempre ganho vários elogios mais. Sou magra, pele branca, olhos castanhos claros, cabelos da mesma cor um pouco abaixo do ombro. Luto por tudo o que desejo. Tenho a personalidade forte desde nova. Sou obstinada e sempre estou disponível a fazer pelo outro o que gostaria que fizessem por mim.

***

Seis anos antes, em 2009, estava eu então com dezesseis anos conversando com meu pai Roberto para que ele me autorizasse a estudar fora.

— Pai, eu preciso estudar fora do país. Dediquei-me muito nos estudos e ganhei esse curso. Quero fazer gastronomia e serei a melhor chef que o senhor já viu. O senhor sabe que tenho talento. Por favor, preciso de sua autorização, não me negue isso. — Disse em um tom melancólico porque já estava tentando convencê-lo há um bom tempo.

— Sei que você se dedicou e que será uma profissional brilhante. — Ele ficou pensativo e depois continuou a falar. — Mas sobre viajar e morar em outro país sinceramente me preocupa. Você é muito nova para essas coisas, Fernanda. Ficar sozinha e longe de sua família sem a nossa proteção você estará suscetível a vários perigos.

— Pai… — Falei em um tom de apelo.

— Acalme-se, deixe-me continuar.

— Sim. — Abaixei minha cabeça, pois estava perdendo as esperanças. Sem a autorização dele não conseguiria.

— Além disso, você poderia estudar aqui e ficar perto de todos nós. Nosso restaurante está crescendo. Vamos levando. Você pode aproveitar e colocar tudo o que aprender em prática. E estando fora não será tão fácil como pensa filha.

— Pai, não há a possibilidade de eu desperdiçar essa oportunidade de ir e aprender outras línguas. — Choraminguei outra vez. — Fora do país terei a experiência necessária para que futuramente minha vida profissional deslanche. Poderei trabalhar para pagar as despesas. Pense! Ajudarei o senhor. O que não posso é ficar parada esperando que tudo aconteça como num passe de mágica. — Sempre fui teimosa. — O senhor me ensinou a lutar por tudo o que quero. Nunca lhe dei nenhuma dor de cabeça, só isso que estou pedindo. A mamãe já concordou. Por favor, por favor. — Implorei. — Eu mereço! Deixe.

Meu pai, mesmo estando muito pensativo, não enxergando outra saída e sempre querendo fazer o melhor por mim, me fez somente uma pergunta.

— Você tem certeza que esse é o seu desejo e não vai se arrepender Fernanda? — Um sorriso invadiu meu rosto sem pedir licença.

— Sim, eu tenho certeza! Não vou me arrepender mesmo.

— Ok. Você venceu! Mas com uma condição.

Fiquei muito feliz naquele dia e logo tratei de saber qual seria aquela condição para realizar meu sonho.

— Sim, diga!

— Terá que vir nos visitar nas férias.

— Sim, pai! Tudo o que o senhor falar para fazer, eu farei.

— Ok, então você vai!

Eu o abracei muito forte, talvez tenha sido o abraço mais forte que tenha dado nele em toda minha vida. Foi muito especial aquele momento.

— Obrigada! Eu te amo muito!

— Também amo você, minha princesa!

***

Formei-me em gastronomia. Porém, por forças do destino, conheci meu ex-chefe em um evento que organizei na faculdade. Ele, gostando muito do que constatou no dia, acabou me contratando aos dezoito anos e assim, para pagar minhas despesas, trabalhava como secretária executiva dele, apaixonando-me por essa profissão. Também fiz um MBA na área e acabei juntando o útil ao agradável. Entretanto, nada em minha vida, repito, nada mesmo foi fácil.

***

Um ano antes de meu retorno ainda estava namorando o Gustavo, um homem lindo, tem 25 anos atualmente. Possui os cabelos curtos e pretos, olhos da mesma cor e mede 1,77 m. O corpo nem se fala. Ele me seduziu assim que nos conhecemos. Tanto que foi com ele que perdi minha virgindade. Penso nisso, mas agora nem tão feliz como na época. A verdade é que me encantei quando o conheci, mas como quem vê os olhos não o vê o coração acabei pagando por isso. Acreditava ser o amor da minha vida, sempre fui muito romântica, mas depois que terminamos o curso ele que também é formado em gastronomia, do nada se tornou um homem agressivo, muito ciumento e diferente demais daquele príncipe que havia conhecido e que me tratava tão bem. Houve um dia específico em que fui até a ele determinada para terminar nosso relacionamento.

— Gustavo, eu vim até você porque temos que terminar! Não está dando, você está ciumento demais — Estava com muita raiva nesse dia — Não quero mais nada com você! Quero seguir minha vida e é isso que farei!

***

Conheci a Fernanda em nosso último ano do curso de gastronomia. Ela é de uma beleza extrema, me apaixonei perdidamente. Quando encerramos não queria vê-la com mais ninguém, apenas comigo. Acabei me tornando um cara doente de tanto ciúmes até que um dia ela veio terminar e discutimos bastante. Quando ela falou com sua voz alterada acabei sendo muito rude, segurei seu braço com firmeza e falei estando com muita raiva.

— Seguir com a sua vida Fernanda? Você é minha namorada e assim continuará. Não ficarei longe! Não pense que será fácil se ver livre de mim, porque não será. — Falei fuzilando-a em seus olhos e ela nunca se intimidou com minhas grosserias. Por isso a admirava ainda mais.

— Você acha mesmo que me conhece, não é? Não admito uma relação abusiva assim. Solte-me! — Ela desprendeu-se fácil de mim, até porque não a machuquei também. — Você agora quer controlar todos os meus passos. Você não era assim Gustavo. Está tudo terminado e ponto final. Não me procure mais, ouviu?

Ela terminou e simplesmente foi embora. Mas eu não queria que se fosse. Aquela relação não poderia acabar daquela forma.

— Fernanda volte aqui. Não acabamos essa conversa.

— Acabamos sim. Desapareça da minha vida, Gustavo.

Fernanda saiu e me deixou com mais raiva e desnorteado, não podia perdê-la.

***

Algumas semanas antes de meu retorno ao Brasil, eu estava descansando em um dia de folga deitada em meu sofá pensando em minha relação com Gustavo. Já havia meses que ele não me incomodava mais. Isso estava muito bom para ser verdade. Nesse mesmo dia meu telefone tocou e vendo ser Virgínia, me animei na mesma hora porque justo naquele momento também estava pensativa se deveria permanecer em Nova Iorque ou voltar para o Brasil e ficar com minha família.

— Irmã, que bom que você ligou! Estou muito feliz em poder falar com você novamente e com muitas saudades também, como está tudo por aí? Papai e mamãe, está tudo bem? — Falei tão animada que nem dei chance de Virgínia falar, só ouvi seu choro. Ela soluçava de tanto chorar e não entendi por quê. Estranhei, fiquei em silêncio e só consegui ouvir quando balbuciou o meu nome em lágrimas.

— Fernanda.

— O que foi? Por que você está chorando Virgínia? O que houve? Diga! — Perguntei angustiada.

— Nossos pais.

— O que aconteceu Virgínia? — Meu coração se apertou. — Fale agora!

Virgínia, que não parou de chorar, encontrou forças para falar a verdade.

— Eles foram viajar, infelizmente sofreram um acidente e não resistiram. Estou desesperada Fernanda.

Fiquei atônita com aquela notícia tão inesperada e por uns minutos, paralisada com o celular ao ouvir aquilo. Sentei-me em meu sofá e ela que não parava de chorar com sua respiração ofegante ficou preocupada.

— Fernanda, você está aí?

— Sim, estou. Como isso aconteceu, Virgínia? — Perguntei mal conseguindo pronunciar.

— Infelizmente um caminhão desgovernado veio na direção deles. O desgraçado estava bêbado.

— Não sei o que falar irmã. Estou em choque. Gostaria de nesse momento estar te abraçando. Ia ligar para dizer estar pensando em voltar de vez para ouvir a opinião de você e deles, mas agora com essa terrível notícia tenho certeza de que isso é o que farei. Tenho que voltar quanto antes para te ajudar em tudo.

Virgínia, estando ainda mais desconsolada e aumentando seu choro, me dá uma informação ainda pior. Se é que poderia ter algo pior naquele momento.

— Fernanda já faz uma semana! — Levei outro choque. — Em razão da situação que eles foram encontrados, achamos melhor sepultá-los o mais rápido possível. Estava com muito medo de te falar irmã.

Fiquei ainda mais desesperada. Nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer em minha vida e naquela hora, sim, chorei compulsivamente.

— Ainda mais isso, Virgínia? Não poderei nem me despedir?

— Estou angustiada, não me culpe por isso. Perdoe-me, por favor.

— Não, Virgínia. De jeito nenhum irei culpá-la. Fique tranquila. Não há o que perdoar minha irmã.

— Foi o melhor a ser feito Fernanda!

— Sei que fez o melhor. Certamente agiria da mesma forma. Ajeitarei tudo e voltarei para ficarmos mais próximas.

— Tudo bem. Eu te amo muito irmã!

— Também te amo Virgínia! Fique bem, por favor.

— Vou tentar Fernanda.

***

Meu nome é Virgínia e tenho 25 anos. Tenho uma irmã mais nova, Fernanda. Somos parecidas fisicamente. Tenho 1,68 m e ela 1,70 m. A diferença que existe entre nós, são os cabelos, o meu é um louro escuro com alguns tons em mel e o dela é mais para um castanho escuro, porém nossos olhos são da mesma cor, castanho-claro. Sempre fui àquela garota espevitada, aprontava horrores. Fernanda não. Sempre a quietinha e estudiosa. Amo demais minha irmãzinha, vou protegê-la sempre. Ainda mais agora que acabo de relatar a ela sobre nossa terrível perda. Nesse momento sou consolada por meu namorado Guilherme. Mas minha princesinha está sozinha e com certeza sofrendo muito. Porém, tinha que falar, já passou tempo demais. Depois que desligamos chorei muito. É uma dor que não cabe no peito.

***

No dia posterior ao que Virgínia me deu a notícia mais terrível que recebi em minha vida, fui direto para a empresa que trabalhava falar com meu chefe senhor Richard e comuniquei minha decisão a ele.

— That's my decision, Mr. Richard.

Essa é a minha decisão, senhor Richard

Ele ficou informado, pois como dizia admirava muito o meu trabalho.

— You've been working at my company for four years and I trust you a lot. Are you going to drop everything to start from scratch in Brazil? Unfortunately about your parents there's nothing you can do anymore.

Você trabalha em minha empresa há quatro anos e eu confio muito em você. Vai largar tudo para começar do zero no Brasil? Infelizmente sobre seus pais já não há nada o que se fazer

.

— Thanks for the trust Mr. Richard, but I had already mentioned to you that my ex-boyfriend was chasing me and that my intention was to come back. I know it's been gone for a while, but now with this bad news my decision is made. My sister needs me and it's just us right now. I need to go back.

Obrigada pela confiança Sr. Richard, mas já havia comentado com o senhor que meu ex-namorado estava me perseguindo e que minha intenção era voltar. Sei que já tem um tempo sumido, mas agora com essa péssima notícia minha decisão está tomada. Minha irmã precisa de mim e somos apenas nós agora. Preciso voltar

.

— No need to be afraid of your Brazilian boyfriend, he has already been warned that he is no longer to disturb. As for your going, if you're up for it, I'll give you an excellent letter of recommendation for you to get the best job. But let me make it clear that this is not my wish.

Não precisa ter medo de seu namorado brasileiro, ele já foi avisado de que não é mais para perturbar. Quanto a sua ida, se você está decidida, vou lhe dar uma excelente carta de recomendação para você conseguir o melhor emprego. Mas deixo claro que esse não é o meu desejo

.

— Thank you so much Mr Richard, for being willing to help me through this very difficult time.

Muito obrigada Sr. Richard, por estar disposto a me ajudar nesse momento tão difícil

. — Disse sorrindo expressando minha gratidão.

— And when you pretend to leave?

E quando você pretende ir embora?

— In up to ten days at most.

Em até dez dias no máximo

— Ok, it was gratifying to have your collaboration in this company! Follow your path and good luck!

Ok, foi gratificante ter a sua colaboração nessa companhia! Siga seu caminho e boa sorte!

— I am grateful for learning so much here.

Eu é que agradeço por aprender tanto aqui

Levantei-me e finalizei nossa conversa com um aperto de mão.

***

Atualmente no aeroporto, Virgínia quando me avista fica muito emocionada, nós nos abraçamos e choramos igual a duas crianças.

— Fernanda, minha irmã. Que saudades!

— Virgínia!

— Ainda bem que chegou.

— Estou aqui. — Nós nos abraçamos mais uma vez.

— Vamos Fernanda?

— Vamos irmã! — Sorrio, mas em meu pensamento não posso deixar de imaginar no que pode acontecer em minha vida a partir de agora.

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