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Chego em casa já de noite, observando a pilha de caixas no lado de fora da casa, suspiro fundo, sabendo que Cristina finalmente se mudou, a noiva do meu pai não é ruim, gosto dela e tudo mais. Mas eu pensava não estar mais na casa do meu pai até isso acontecer.

Antes eu tinha a casa toda pra mim, poderia andar pelado quando ele fazia as viagens dele, mas agora nem de cueca eu poderia me sentir bem.

Gostava da ideia do meu velho ter alguém, na verdade, Cristina era como uma luz pro Senhor Water.

Os dois combinavam, os dois trabalhavam com restauração de arte.

Papai era o tipo de homem requintado e bom demais pra uma mulher, que poderia facilmente falar sobre uma mulher comparando ela com uma obra de arte, deixando a obra de arte passar despercebida pela beleza que ele descreve.

Isso parece complexo?

Veja, eu conheço ele desde que era um muleque.

Ele me criou depois que mamãe sofreu o acidente e morreu, nunca pesei a mente por isso, senti falta e até aquele aperto de não me lembrar direito dela.

Papai sempre foi um ótimo pai, do tipo que valoriza cada pessoa e cada atitude.

Que me cobrou apenas três coisas práticas e importantes na vida.

Não usar drogas.

Não ser preso.

E por fim.

Ter uma profissão.

Aos dezenove eu já estou em uma das melhores faculdades de Londres e ainda sou ótimo em Direito, parece algo distante pra quem viu o pai mexer com arte a vida inteira, ser um dos melhores restauradores.

Céus, eu poderia ter ido por esse lado, sempre tem aquela coisa do filho seguir o pai.

Mas eu não tive o dom. Minhas mãos eram pesadas e não daria certo eu tentar fazer algo do tipo.

Entro pela porta da sala e vejo as coisas mudando aos poucos, até as fotos mesmo, que agora tem mais e com mais rostos diferentes.

Por azar, eu havia escolhido ficar mais um ano em casa, pensava que ela iria morar com ele só depois do casamento, então não arrumei um apartamento, não entrei em uma das repúblicas e nem os dormitórios. Fiquei na casa do papai, literalmente.

Agora com a alta procura, seria difícil ou quase impossível fazer qualquer coisa.

Então teria que ficar quieto.

Mas a questão também é mais delicada.

Tem um porém nessa história, de cabelos louros e um metro e meio, quase um anão magricela de jardim.

- Filho, que bom que chegou - Meu pai tira os óculos, ergue a mão e passa pelos cabelos que começam a se misturar fios pretos aos grisalhos. - Como foi a aula?

- Tranquilo, e essa mudança, terminada?

- Agora só falta colocar o resto das coisas no lugar.

- Lorenzo, que bom que chegou - A mulher loira se aproxima, tão simpática e tão boazinha, do tipo que você confia e da uma mão se precisar.

Quando eu vejo quem está vindo atrás dela, eu faço uma careta.

Não era novidade pra ninguém o problema entre mim e a filha dela.

Vejam como ela para e me olha de forma debochada.

O cabelo loiro preso e a roupa curta, marca registrada da patricinha.

- Estava na faculdade até agora pouco.

- Então o cara conseguiu entrar na faculdade com o cérebro pequeno.

- Filha, não começa, agora que estamos aqui temos que manter a calma.

- Eu estou na paz - Não estava, mas eu não ia implicar uma menina de dezessete anos como um adolescente, por mais que eu não gostasse dela, eu não queria problemas e nem meu pai no meu pé, falando como tratar alguém e blá, blá.

- Sei que vamos todos nos dar bem.

A menina fica me encarando, noto que ela furou o umbigo e ainda furou o nariz, até aprecio o tipo de arte, mas vindo dela, só evidência a rebeldia nela.

Ela veio de um casamento desfeito, onde o pai era um merda que fez a cabeça dela até os doze anos, fazia a cabeça dela contra a mãe, dizendo que Cristina era ruim e que iria trocar ela, isso parou depois que a mulher conseguiu uma liminar que impedia ele de chegar perto dela e da criança, mas o pai sempre teve contato, graças a inteligente e idiota da garota, , que insiste em pintar o cara como bonzinho, mesmo sabendo que o pai batia na mãe nas noites que chega bebendo e drogado.

- Sim, vamos todos nos dar bem - Ironizou a garota.

Moira era uma garota ruim.

Não tinha medo.

Mas também não duvidava dela colocar fogo em mim ou na casa.

Sempre achei ela rebelde sem causa, ignorar a mãe por ser cuidadosa e querer que ela não caia em cilada pelo pai, não parece algo fora do dever de mãe.

Na verdade até já falei que ela não merecia a mãe que tinha.

E é, era verdade.

A menina tinha a ficha suja mais que eu se tratando de vida.

Mas quem era eu pra falar alguma coisa?

- O jantar logo estará na mesa, espero que não se importe de estar aqui Lorenzo, sei que esperava isso somente ano que vem.

- Meu pai gosta de você, então eu não ligo se está aqui, fazendo bem pra ele. Isso é o que importa.

- Que bom querido.

- Eu gostaria de saber se eu vou poder fazer as coisas aqui, trazer amigas ou algo do tipo senhor Albuquerque.

- Aqui também vai ser sua casa Moira, pode se sentir a vontade.

Até faço uma nota mental daquilo, não gostando do sorriso que ela dá.

A loira era teimosa, mês passado levou multa na casa dela por uma festa e um barulho infernal.

Acho que ela não sabia, mas aqui havia eu e ela não iria fazer merda e o que ela achasse certo na ausência da mãe.

- Eu vou subir para o meu quarto, não me esperem para o jantar em - Ela faz uma pausa, me olha e depois olha pra mãe. - Família feliz.

Ela dá as costas e sobe as escadas, a mãe da um suspiro.

Gosto de pensar que logo essa garota não vai dar trabalho pra mãe, que vai ser calma e comportada.

Mas sei que milagre não existe.

- Desculpe pela grosseria dela.

- Relaxa, desde os quinze conheço a garota, no máximo vamos brigar por alguma coisa e cada um pro seu canto.

Falando isso, bem, eu esperava que realmente fosse apenas isso, que não tivesse algo pior.

Eu não queria problemas.

Vejam, Moira tinha claramente uma plaquinha no pescoço indicando pra ficar longe.

O que poderia dar de errado?

Ela poderia até colocar fogo em mim, mas eu já havia criado um sistema anti-Moira na minha vida, esse sistema funcionava bem e me deixava satisfeito.

Não deixava que ela apontasse comigo.

Embora fazia tempo que não conviviamos por tanto tempo, a última vez foi nas férias de verão, dois anos atrás.

Céus, meu sistema devia ser suficiente para segurar as maluquices dela, eu tinha quase toda certeza do mundo.

Bem, quem arrisca, não petisca.

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CONTO COM VOCÊS PRA ESSA HISTÓRIA COMEÇAR....

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