Maija

"Mãe, onde eu coloco essas caixas?" Pergunto enquanto entro na porta enorme de nossa nova casa. Ainda não processei muito bem o fato de irmos morar em uma casa grande suficiente que poderia ser uma pensão inteira.

"Pode deixar por aqui mesmo por enquanto, querida."

Largo as caixas no chão, voltando para fora quando vi um Jaguar preto chegar no estacionamento atrás do caminhão de mudanças. Não tenho interesse algum no carro ou em quem está o dirigindo, imagino que deva ser um amigo do meu padrasto, então ao invés de ficar olhando, pego as caixas com as coisas do meu quarto e volto para a casa.

"Tudo certo por aqui?"

Giro ao som de sua voz, foi Charles que perguntou, meu novo padrasto. Minha mãe se casou com ele vinte e quatro horas depois de se conhecerem em Las Vegas. Os dois chamaram isso de um romance turbulento, e isso foi há três meses, então ainda estão se conhecendo melhor. Mas já vão morar juntos.

"Aham, só mais umas caixinhas. O pessoal da mudança já cuidou das maiores." Respondo com um sorriso. Por mais que não o conheça por muito tempo, conseguia ver que ele era um bom homem e amava minha mãe de verdade, mesmo que ela ter voltado para casa com uma aliança e um marido novo em três dias tenha me deixado meio cética. Mas dava para perceb er porque minha mãe se atraiu por ele, ele é um grisalho charmoso, todo cinzento, com músculos e olhos verdes bem claros. Mamãe me disse que ele tem um filho um ano mais velho que eu. Sussurrei comigo mesma uma prece de que ele não tenha tido a sorte na genética e não tenha nada a ver com seu pai. Charles pigarreou depois de me ver, interrompendo meus pensamentos enquanto me olhava preocupado.

"Como está sendo a mudança para você? Sua mãe e eu bagunçamos toda a sua vida quando nos apaixonamos, né? Você teve que sair de casa, deixar os seus amigos. Eu entendo se não estiver feliz conosco agora."

Sorrio para ele. Esse é um dos motivos pelo qual eu gosto dele, ele se importa comigo como um ser semelhante, não só como a enteada dele. Quer mesmo saber como eu me sinto, mas na realidade não me preocupei com nada. Nunca fui próxima suficiente dos meus amigos para sentir falta deles ou algo do tipo. Mamãe e eu nos mudávamos com bastante frequência antes dela terminar seu curso de odontologia e se estabilizar em um consultório em Connecticut, então já me acostumei com mudanças.

"Estou bem, Charles, não precisa se preocupar comigo. Nunca passei por aquela fase de adolescente rebelde sem causa e não acho que vai rolar agora. Estou de boa, se a mamãe está feliz, eu também estou."

"Sua mãe bem que me disse que você é muito madura. Acho que vai ser boa influência para o meu filho."

Sorrio e aceno com a cabeça. Aham, espero, é tudo que eu espero, cantarolo um pouco antes de dar um rápido abraço no meu padrasto e voltar para as escadas de casa.

"Zayne acabou de chegar, pode pedir ajuda dele com isso." Ele gritou para mim. Zayne é o meu meio-irmão, que eu rezo para ser um feioso. Não o conheci nestes últimos três meses porque ele passou o semestre na Europa. Os trejeitos de um riquinho, ri comigo mesma. Já fui pobre no passado, mas estamos financeiramente bem agora, desde que o consultório de minha mãe começou a ter pacientes. Charles era claramente um rico nível Bill Gates, bom, talvez não nesse nível, mas próximo.

"Ok, obrigada." Murmuro, ainda distraída. Enquanto descia as escadas, meu rosto topou em alguma coisa, ou melhor, em alguém, quente mas firme, com o cheiro de pinho e loção pós-barba. Levanto meu olhar lentamente para ver um rosto muito bonito. Oh! Sinto minha respiração parar, olhos verdes, lábios rosados e cabelos da cor de areia. Um único pensamento passa pela minha cabeça quando o vejo olhando para mim: se este é o meu novo meio-irmão, eu estou condenada.