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EMMA WRIGHT - 13 ANOS.

Ando pelo corredor da escola apressada e me dirijo ao vestiário, não posso me atrasar para as apresentações das líderes de torcida. Consegui entrar para a equipe tem dois meses, apesar de ser muito jovem, a minha força e agilidade chamou a atenção das meninas, quem me aceitaram de braços abertos.

Assim que chego vejo algumas já se arrumando, em vinte minutos uma partida de futebol americano vai começar e precisamos estar lá para fazer a abertura, é o último jogo da temporada, a grande final. Eu já vim pronta, imaginando o quanto o vestiário estaria lotado. As meninas da equipe são todas muito vaidosas, a grande maioria delas altas e magras, assim fica mais fácil erguer na pirâmide.

Sei que por isso fui posta na equipe, elas precisavam de mais uma animadora e eu me encaixava, pequena e apesar do bumbum grande sempre fui magrinha como a mamãe. Com exceção é claro do fato de que ela tem olhos e cabelos profundamente pretos. Enquanto eu devo ter herdado de algum ancestral os olhos azuis e o cabelo claríssimo.

Encaro o espelho e passo o gloss com cuidado nos lábios, enquanto escuto as meninas da equipe de preparando-se para a torcida do jogo.

- Em's ajeita o meu laço por favor? - Amber pede de costas pra mim. - O Jake vai mesmo te convidar para o baile!

- Vai ser invejada por todas as meninas do colégio! - comenta Suzy com risinhos animados. - Vai dar o seu primeiro beijo no garoto mais lindo de toda a escola...

Sinto as bochechas corarem fortemente enquanto as outras seis meninas riem animadas. Com exceção de Alison que se aproxima de mim séria e me preparo para seu sermão.

- Ele também é o mais cafajeste. - Ela acusa repreendendo as outras meninas. - Somos mais velhas e deveríamos guia-la, não a ajudar cometer erros. O Jake já ficou com mais da metade da equipe, e no fundo todas nós sabemos que ele te quer porque é carne nova na equipe. E acredite é exatamente assim que os garotos do time nos vêem, como pedaços de carne!

- Devia ouvir a Alison Em's. - Suspira Jude acariciando a barriga. - Esses garotos não são confiáveis.

Sinto um pouco de pena, Jude está no penúltimo mês de gestação. Hoje foi nosso último dia de aula antes das férias. Ela engravidou de um dos garotos do time em seu último ano e por isso vai adiar seus planos para faculdade. Sem mencionar que ele se negou a assumir e se não fosse o apoio dos pais ela estaria enfrentando tudo sozinha!

- Bem, todas prontas; - Vira-se Alison. - Vamos dar nosso show.

HORAS DEPOIS...

Entro em casa cansada e pensativa sobre aceitar ou não o convite do Jake para ser sua acompanhante no baile de formatura. Como as meninas previram no fim do jogo ele veio me convidar, e com a mente cheia de dúvidas após a conversa no vestiário, prometi pensar no assunto!

Encontro meus pais na cozinha, papai colocando a mesa, enquanto mamãe traz uma jarra de suco. Os dois riem de algo e sorrio deixando a bolsa no chão e indo me juntar a eles.

- Boa tarde gatinha. - Papai me abraça, beijando minha testa. - Temos uma notícia maravilhosa.

- Realmente empolgante bebê. - Mamãe ajuda fazer suspense enquanto senta-se a mesa. - O que tinha nos pedido no último verão?

- Estão falando sério? - Solto um gritinho animada. - Nosso acampamento em Six Rivers?

Os dois riem concordando enquanto dou pulinhos de comemoração correndo para beijar minha mãe e indo me sentar no colo do papai abraçando-o.

- Vamos quando? - Indago voltando para meu lugar.

- Tem dois dias para arrumar tudo, partimos segunda-feira. - Papai explica antes de beijar mamãe.

Os dois últimos dias passaram lentamente, a ansiedade me dominou, e fiz vários planos para nosso acampamento. Cancelei todos os compromissos que marquei com minhas amigas, recusei gentilmente o convite do Jake, e organizei minha mala minuciosamente. Agora passava das 03h00 da manhã e eu simplesmente não conseguia dormir, contando os minutos para que chegasse as 06h00 da manhã e pegássemos a estrada.

Desde que consigo me lembrar sempre adorei acampar, o ar puro, o contato direto com a natureza, a sensação de liberdade, tudo me seduzia com uma força inexplicável, por isso sempre que podiam meus pais me levavam para acampamentos de verão.

A três anos eu vinha desejando fortemente conhecer Six Rivers, como se uma força superior me guia-se até lá. Não sabia explicar como ou porque, mas lembro-me que no meu aniversário de dez anos vi um quadro de uma cachoeira numa lanchonete, na legenda estava escrito apenas RESERVA NATURAL DE SIX RIVERS. Desde então sinto essa enorme necessidade de chegar até lá, como se eu fosse impelida a chegar naquele lugar!

Olho para o lado novamente e o relógio marca 05h20 dá manhã. Pulo da cama animada e corro para o banheiro, tomo um banho rápido e visto a roupa previamente separada. Um legging preta, uma segunda pele também preta e amarro uma jaqueta bege, e um coturno aventure do mesmo tom.

Como eu imaginava meus pais já estavam andando de um lado para o outro levando para o jeep, malas e utensílios necessário para ficar por dias em meio a natureza. Sobre o balcão na cozinha tem um prato de ovos mexidos e bacon, acompanhados de um copo de suco natural. Tomo meu café e limpo tudo minutos antes da minha mãe entrar na cozinha me apressando para sairmos.

-Falta muito para chegar a reserva? - murmuro sonolenta, depois de quatro horas e vinte minutos sentada no carro o sono parecia começar a vencer a luta, aproveitando-se do meu cansaço da viagem. - meu bumbum está doendo!

- Menos de duas horas bebê, durma um pouco. - respondeu mamãe e apenas fechei meus olhos ouvindo os dois murmurarem juntos. - Te amamos...

O movimento brusco junto com os gritos no carro me despertam, sinto o corpo chacoalhando enquanto o carro gira ribanceira abaixo, sinto a forte pancada no lado direito da minha cabeça quando bate contra o vidro da janela. Assisto o corpo desacordado do meu pai se chocar contra o Airbag já acionado, enquanto minha mãe tenta se proteger sem sucesso. Como se o tempo passasse em câmera lenta sinto cada volta que o carro dá, cada baque seco até parar de cabeça para baixo no meio das árvores. O ambiente escurecido pela copa das árvores que impedem a entrada de luz solar. Sinto tudo em mim doer, tem vidro por toda parte e sinto o sangue descer como uma cascata por meu rosto enquanto tento fracamente alcançar o sinto de segurança.

- Emma? Filha pelo amor de Deus fala comigo... - mamãe implora chorando e solto um murmuro dolorido impossível de ser compreendido. - Emma preciso que me diga se você está bem bebê.

- Sim - Um gemido de dor vindo do meu pai me alivia. - Pa...pai?

- Tudo vai ficar bem querida, mantenha calma. -mamãe tenta garantir enquanto estica o braço para alcançar meu pai.

Minha mãe é médica, cirurgiã geral no hospital central. Vê-la tocando o abdômen do meu pai que parece ter sido onde ele mais bateu, me preocupa e alivia ao mesmo tempo, ela vai saber o que fazer só precisávamos sair dali. O problema é que o cansaço que me puxava para a escuridão não parecia querer ceder; e a última coisa que vi foi os dois grandes olhos verdes brilhantes me encarando da janela, antes de me entregar ao desconhecido.

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