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Uma semana inteira sem fazer nadinha de nada dentro de um escritório executivo que, praticamente, dava a metade de seu apartamento, foi esse o tempo que Manuela Medina ficou parada ou vegetando, andando de um lado para o outro, arrumando as coisas, vendo coisas exóticas e peculiares dentro de uma sala e imaginando como seria seu chefe, tentando adivinhar se ele tinha seus oitenta ou setenta anos.

Ao prejulgamento da sala tudo indicava que era um homem com dinheiro, que viajava, que era recebido sempre bem, porque metade das coisas "exóticas", como dois quadros, tinha uma dedicação para ele, um dos quadros dedicava ao chefe.

Manuella Medina havia colocado em ordem pastas desorganizadas, livros, cadernos quem habitava ali. Tudo precisava ficar em ordem, ficou perplexa quando viu toda uma coleção fora de ordem de um escritor de economia famoso, tudo em desordem, ela quis enterrar seu diploma e tentar não imaginar um velho do tipo preguiçoso, que só pede café e rosquinhas para as secretárias ou tenta usufruir das rosquinhas delas.

Manuella nem pensava em sexo com o chefe para não trazer influência negativa ou para não trazer azar. Lembrou que foi contratada a critérios importantes a ponto de passar por mais de 12 outras mulheres e dois homens, sendo aprovada por seu lindo casaco azul.

Ela havia comprado o casaco na Quinta avenida, no Centro. Era esse mesmo casaco que ela usava naquele momento para o dia no trabalho, agora com o chefe, embora já tenha passado boa parte do dia e tendo seu horário encerrado daqui uma hora.

Bem, ficou esperando todo dia pra nada. Era horrível se sentir assim, queria trabalhar logo, colocar a cabeça no lugar e pensar demais. Mas o senhor Rodolfo Vinelly não ajudava.

Ela já havia perdido a esperança quando se jogou na cadeira estofada e macia do escritório, até o cheiro da sala e o ambiente frio era diferente. Era bom. Gostoso.

Havia uma mulher em um escritório executivo, rodando em uma cadeira estofada nas Indústrias Vinelly. Uma mulher de um metro e sessenta, que não ostentava muita altura, que tinha um perfil muito atrativo e pouco chamativo pelas roupas irreais que ela usava. Estou falando de uma modéstia de roupas, uma calça jeans escura com uma sapatilha mais neutra que o sabão, uma blusa com um tecido desfavorável e pra fechar, o casaco azul, esse tinha certeza que era o mais estranho nela, não pelo modelo ou algo assim, mas é que nela, em Manuella, deixava parecendo que ela era uma senhora de meia idade, quando na verdade ela tinha vinte e quatro anos completos e que poderia ser indicado com roupas mais adequadas.

Porém, é aí que Manuela se destaca, não tanto pelas roupas, mas pelo talento e mulher por baixo da roupa. Como mulher havia um corpo perfeitamente bonito, com curvas, com uma bunda arredondada, não estilo grandão, mas o tamanho certo para deixá-la com uma boa concentração na calça. Claro, havia uma cintura fina e um par de seios também, os seios misteriosamente grandes, não tanto, mas o suficiente para ter que comprar o sutiã de um número normal e não tamanho criança ou adolescente.

Ela era e tipo de garota que, no trabalho, era calma. Tinha o olhar passivo, calmo. Embora tenham olhos castanhos claros, os olhos marcam o rostinho, um tipo de conjunto perfeito, com um nariz pequeno e uma boca bonita e rosada. Era uma fisionomia boa pra Manuella.

Manuella tinha um fisionomia, postura e beleza peculiar, embora tudo ficava escondido debaixo de uma roupa monótona e chata demais.

Foi exatamente isso que chamou a atenção de um homem que entrou na sala, em silêncio, calado, vendo em sua cadeira uma louca rodar de olhos fechados.

Ficou olhando para a mulher que nem havia notado a presença dele. Era estranho para ele voltar depois de quase dois meses fora de recuperação, não dava pra adivinhar que ela seria a pessoa que faria suas boas vindas.

- Atrapalho? - A voz surgiu e encheu todo o ambiente, Manuella parou. Mas Rodolfo deu mais dois passos até ficar diante da mesa de vidro.

Pode visualizar a cadeira terminar de se virar lentamente, até que foi revelada uma mulher pequena nela. Bem pequena comparado

- Me desculpe - Manuella se levantou, quase caiu, quase.

Havia na sua frente um homem completamente diferente do convencional, chamativo era a palavra. Principalmente, perplexo ao olhar para a garota com aquelas roupas, diferente de todos que trabalhavam com ele naquele andar, embora tivesse contato restrito aos executivos ou a classe A da empresa. Preferia deixar todos contentes com seu trabalho, deixando todos satisfeito com o salário na conta do banco no fim do mês.

- O que faz nessa sala? - Foi áspero ao perguntar, então, desviou os olhos negros da mulher e rodeou a sala, detalhadamente. - O que fizeram com a sala?

Manuella deu a volta na mesa, até parar diante do cara mau humorado.

- Eu sou a nova secretária do Sr. Rodolfo, ele está afastado - Ela sorriu, Rodolfo olhou para ela sem entender, mas lembrou que a última havia se demitido e o mandado pro inferno. - Dei uma organizada na sala. Ele é bem desorganizado.

Desorganizado? Ela havia falado aquilo? Rodolfo Vinelly estava na frente dela e tinha acabado de ser chamado de desorganizado? Só podia ser uma das secretárias que o RH mandava, sem orientação nenhuma.

Tadinha dela.

- Ele mandou fazer isso? - Manuella sentiu um aperto na pergunta, olhou para a sala, depois para o homem com uma camisa social branca, sem gravata, apenas um estilo não formal. Ele parecia bem grandão. - Eu mandei fazer isso, senhorita?

Era a pergunta certa a se fazer.

Ela estremeceu.

Então os olhos castanhos mostraram a surpresa e medo, medo do cara arrogante. Ele era Rodolfo? Ela sentiu praticamente um tapa na cara, se ela tivesse sorte conseguia ficar no emprego. Motivos para ser demitida tinha.

Primeiro, balançar na cadeira, mexer na sala e falar mal do chefe. Okay, Manuella agora havia ficado nervosa.

- Desculpa - Ela começou. - Muito prazer, sou Manuela Medina, secretária contratada pelo RH.

Ela estendeu a mão, porém, notou algo extremamente errado no homem grandão a sua frente, algo completamente pesado. Um clima ruim, mal humor talvez.

Ele não a cumprimentou, o que fez ela recolher a mão, lentamente e envergonhadamente, ele nem se deu ao trabalho de fazer um gesto de cumprimento, nadinha. Manuella ficou envergonhada, logo no primeiro dia, foi o gato Preto que viu de manhã, só podia ser isso.

- Já começamos mal então - Rodolfo caminhava pela sala lentamente, Manuella ficou paradinha, mas acompanhou o grandão pela sala, enquanto ele caminhava. - Gosta de regras?

Manuella sentiu uma palpitação no peito, era de nervoso.

- Sigo elas, quando e o meu ordenado.

- Ótimo, tenho quatro regras básicas, Srta.Manuella - Rodolfo parou diante da janela que dava vista para um dos parques da cidade. Enquanto isso Manuela se matava por dentro de nervosismo, enquanto esperava a palavra dele e olhava para ele de costas. - Primeiro, você me obedece aqui dentro, dentro da sua função junto a mim. Faz o seu trabalho. Sem reclamar, sem discutir, sem protestar e sem faltar nada, temos uma hierarquia aqui, certo?

O certo de Rodolfo saiu com um humor negro do caramba, embora ele nem sabia de onde estava vindo aquilo.

Já Manuella, tadinha, preferiu mil vezes não estar ali, era regra mesclada com bronca.

- Segundo, você cuida da minha vida dentro disso tudo, você é meu braço esquerdo e também o direito. Então siga o código de ética, respeito e decoro - Manuella ficou chateada, ela sempre foi uma profissional excelente, tinha um currículo, por que ele só não dava uma de chefe? Estava fazendo o papel de um opressor. Era péssimo isso. - Terceiro, só você e eu tem acesso a sala, mesmo assim, você só entra se estiver autorizada, nada de mexer ou fazer limpeza de mulherzinha.

Ela se endureceu no lugar.

- Eu só achei... - Rodolfo Vinelly deu uma gargalhada.

- Senhorita Medina, você não tem que achar, você devia esperar segundas ordens, a primeira foi aguardar o meu retorno - Rodolfo deu um olhar por cima dos ombros dele e viu um bonito rostinho, porém desesperado. - Swguir ordem e seguir as regras e fazer seu trabalho, não queremos uma demissão tão cedo.

Ele havia ameaçado ela? Bem, pra Manuella havia ficado claro seu papel ali.

- Você disse quatro regras senhor - Manuella viu ele se virar, lentamente, como aqueles assassinos frios do seriado de Nova York aos dias de sábado a noite.

- Bem - O poderoso chefão havia esquecido da quarta, mas não havia quarta regra. Na verdade a única regra era trabalhar. Nem sabia porque fez o Teatro com a moça. Talvez era pra ficar em forma- Não sente na cadeira, nunca.

Rodolfo terrível, já nos cinema mais próximo da sua casa.

Manuella abriu e fechou a boca, incrédula e segurando o ar, queria rir de nervosa, mas não podia, não passou nem na cabeça dela se mexer dali depois da quarta regra.

- Sim, senhor - Foi a única palavra que saiu da boca dela.

- Está dispensada, até amanhã - Ela só se virou e deu passos curtos até a porta. - Ah, mais uma coisa. Eu odeio atrasos.

Ela balançou a cabeça e abriu a porta, nem olhou para trás, Deus me livre.

Ela só sabia de uma regra, não se bater de frente com o poderoso chefão.

Nunca. 

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