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Rocco se aproximou da janela para observar o sol nascer.Seus olhos brilham com a luz matinal.Faz esse ritual há quatro séculos.Se lembrava de quando era um garoto,aventurando-se a sair da pequena aldeia onde morava,para adentrar a floresta até chegar a uma pequena colina.Onde sentava-se para sentir o calor do sol em seu corpo frágil devido a tuberculose.

Não desejava morrer jovem, por isso cada manhã era um caminho novo para buscar alguma sensação de vida no seu corpo pálido. Essa rotina transformou-se completamente quando vislumbrou Eleonora, sentada numa pequena pedra na colina,parecia que o aguardava. De forma a mulher o atacou mordendo,sugando seu sangue.Então declarou:

“Se tens tamanho apreço pela vida, conceder-te-ei a imortalidade,passares pelo processo de transformação. Nosso reencontro será inevitável”.Enquanto jazia no chão gelado da floresta, as palavras dela reverberam em seus ouvidos.

O som da porta se abrindo interrompeu suas lembranças,mas não o fez desviar o olhar do sol.

"Os anciãos decidiram exilar-me da família até Vlad que acorde", disse Rocco, antevendo as palavras do seu assistente.

“Sim mestre”,disse de cabeça baixa se colocando ao lado da porta.

Com voz calma,mas cheia de autoritária, perguntou:

"Para onde fui exilado?"

"Valanca, mestre, na Romênia", respondeu o assistente, percebendo que seu mestre não estava satisfeito com essa decisão.

"Prepare tudo.Partiremos hoje", ordenou Rocco ao seu assistente que saiu para cumprir suas ordens. Deixando-o sozinho com seu cão.

Se aproximou de seu fiel companheiro e perguntou:

"O que você acha?". O animal latiu em resposta, fazendo-o sorrir.

"Também penso que será interessante", disse, olhando para a janela. O sol, agora já começava a queimar sua pele.

O cachorro grunhiu, sentindo a dor em seu próprio corpo,Rocco fechou as janelas.Desde que o mordeu para salvá-lo, um elo de ligação os unia por sangue. Muitas vezes, usava os olhos e os ouvidos do cão para obter informações que lhe interessavam.

Nieta entra em seu quarto,observando-o com atenção, e solta as palavras com um misto de preocupação e curiosidade.

"Está sendo expulso da família,por causa daqueles velhos", disse, seu tom denotando uma inquietação.

Rocco não demonstrou surpresa e respondeu com um semblante frio:

"Não estou sendo expulso."

"Não? Então, para onde está indo?", perguntou Nieta, demonstrando interesse genuíno pela situação.

"Descobrirei quando estiver dentro do avião. No entanto, continuarei no controle das empresas da família", declarou, mantendo um olhar perspicaz sobre sua meio-irmã.

"Sim. Não é novidade para ninguém. Vlad o nomeou.Quero dizer, concordo com essa decisão", respondeu, saindo do quarto e fechando a porta com força, praguejando baixinho enquanto se afastava. Sua expressão revelava uma mistura de ódio e desprezo, incluindo ressentimento e frustração por não ser a escolhida.

Rocco considerou a decisão do conselho de afastá-lo da família como uma medida para proteger alguns e uma tentativa de outros de tomar o controle das empresas.

Os passos do assistente ecoaram em seus ouvidos, acompanhados por pensamentos melancólicos sobre sua partida iminente,pois o mesmo gostava de servi-lo.

"Meu mestre, providenciei tudo para sua viagem", declarou o homem abrindo a porta com um semblante triste. Os anciãos haviam decidido que somente Rocco partiria.

Sentindo a tristeza do servo e sabendo que ali não seria mais seguro disse:

"Irão comigo", disse Rocco, ao ouvir essas palavras, encheu o coração do seu assistente de alegria pois continuaria a servi-lo.Por essas emoções frágeis mantinha seu assistente humano, para relembrá-lo como era ser vivo.

Após algumas horas, o avião pousou na Romênia, e um carro os aguardava para levá-los a um hotel. Rocco se registrou no hotel com o nome do assistente, pois não queria ser identificado.

"Senhor, não permitimos cães dentro do hotel, são normas", disse a recepcionista, preocupada com a situação.

Rocco se virou e sorriu, respondendo: "Que cachorro?" A mulher, agora confusa, olhou em volta e viu apenas bagagens. Com a testa franzida, sorriu sem jeito.

"Perdão, senhor, pensei que... deixa pra lá. Aqui está a chave do quarto 210", falou visivelmente confusa.Rocco e o assistente deixaram o saguão do hotel e foram para o quarto .

Rules abriu a porta, permitindo que seu mestre e o cão entrassem no quarto. Era por essas pequenas coisas que gostava de servi-lo, achando-o extraordinário pode fazer as pessoas verem o que queremos.

"Senhor, se permita dizer...", começou Rules, mas logo desviou o olhar em respeito a seu mestre. Encarar um vampiro era considerado um desafio ou até mesmo uma insubordinação em certos casos.

"O que tem a dizer, diga logo", ordenou Rocco, enquanto olhava pela janela, percebendo que em breve a noite cairia e poderia se dirigir à casa de seu tutor.

"Armaram contra o senhor. Não podem expulsá-lo", disse Rules, indignado com a decisão dos conselheiros anciões.

Ouvindo a agitação no pensamento de seu assistente e sentindo seu sangue pulsar através das veias, Rocco declarou:

"Devo estar onde tenho que estar". Sentia a vida pulsava na pequena cidade e florestas, com animais de sangue quente que o aguardavam para saciá-lo, bem como humanos desprezíveis de quem ninguém sentiria falta.

"Perdão, mas não entendi! Não pretende fazer nada contra essa decisão?", replicou Rules, confuso, pois já tinha visto seu mestre tomar medidas mais drásticas por muito menos.

"Valanca é onde devo estar agora, Rules", declarou Rocco enigmático. Seu assistente assentiu com a cabeça, percebendo que era melhor não mencionar mais o assunto.

“Procurou o que lhe ordenei”, perguntou se virando para homem que ficou vermelho diante da face de seu mestre.

“Estou procurando mestre”gaguejou.

“Estou ficando sem paciência,sabe que não gosto de esperar”,disse virando fumaça saindo pela janela seguido pelo seu cão demoníaco.

“Conheço sua fúria mestre,da última vez me deixou no alto de uma colina dois dias sem água e comida”resmungou.

Rules suspirou aliviado desejando ser transformado em um morto-vivo por seu mestre. Contudo, o medo de não resistir à transformação e de perder o controle diante dos humanos, atraindo atenção indesejada para os vampiros, o preocupava.

Havia castigos severos para tais situações. Decidiu apenas comer e buscar no mercado negro da internet o que seu mestre solicitava.

Quando seu mestre retornou à noite com seu companheiro de caça, ambos pareciam satisfeitos.

"Podemos ir, mestre.", disse.Logo se dirigiam à recepção para devolver a chave.

Assim que chegou em frente ao casarão,ao sair do carro, o cachorro fixou os olhos na casa à frente e latiu.

"Venha", chamou Rules, fazendo-o parar. O homem notou apenas um gato negro que os encarava. O cão se afastou, caminhou em direção à estrada e deitou-se, ficando imóvel.

"Deixe-o", ordenou. Juntos, entraram no casarão.Rocco subiu as escadas em direção ao quarto principal. Rules se perguntava como sabia onde era, mas preferiu não questionar. Afinal, servir um vampiro era um jogo perigoso, e tinha aprendido a não desafiar o seu mestre.

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