Era a minha festa de dezoito anos, provavelmente a melhor festa que ja tive desde meu nascimento, não que as outras festas não tenham sido tão legal quanto essa, mas essa tinha algo de especial, algo único e eterno.

Na festa havia todas as pessoas da alcateia em que meu pai é o alfa, de crianças a idosos, todos esperavam pelo mesmo que eu. Meu pai me olha orgulhoso, minha mãe mantem um sorriso que rasga seu rosto jovial em dois. Era um dia especial para mim, não por ser meu aniversário, mas por que seria o dia em que eu finalmente conheceria minha companheira, era tão especial quanto aprender a dirigir ou entrar em uma faculdade de grande importância para qualquer outro adolescente normal por aí.

As horas passavam e a cada minuto eu ficava mais e mais ansioso, estava cada vez mais perto de conhecer minha companheira. Os nervos estavam a flor da pele.Eu andava por todos os lados, olhando cada um, conversando com as pessoas e brincando com as pequenas crianças que corriam de um lado a outro em suas brincadeiras e acabavam cruzando a minha frente, fazia cada coisa tentando inutilmente me distrair.

Logo a hora chegou e então eu e meu pai subimos em um palco improvisado que montaram justamente para essa grande hora. De cima, podia ver cada um, cada rosto e meu pai ao meu lado me passava segurança para o momento cada vez mais perto que me deixava ainda mais nervoso. Podia ver em seus olhos o pensamento que tentava me transmitir de que tudo daria certo.

Logo quando todas as pessoas se acomodaram em seus lugares, seja sentados ou em pé, meu pai deu inicio ao seu discurso agradecendo a presença de cada um e falando o quão importante esse dia era para mim e para ele, mas minha mente se negava a focar nas palavras dele e meus olhos vagavam de uma pessoa a outra a procura de algo que me chamasse a atenção.

... Então é com muito orgulho que eu e meu filho Erick subimos nesse palco e lhe garantimos mais uma geração, prosseguindo o que nossos antepassados começaram. - meu pai me acordou dos meus pensamentos com dois tapas nas costas e então o olhei.

- filho, já foi a vez do meu pai, já foi a minha vez e a partir de agora será a sua. Cada um encontra aquele que merecemos, que nos é destinada. Eu sou muito feliz de conhecer sua mãe e garanto que você será muito feliz quando encontrar sua companheira.

Essa era a hora.

Dei um passo a frente, focalizando meus olhos bem ao fundo onde já não tinha ninguém e então eu deixei com que a magia do meu lobo me envolvesse. Eu já podia ouvir as folhas dançando em seus galhos, e os pássaros acima de todos nós. Esperava para ver qual seria o grande acontecimento que me mostraria o meu destino, mas nada aconteceu.

O silêncio reinou entre as pessoas e eu abaixei minha grande cabeça em forma de lobo e já sabia o que havia acontecido.

Ela não estava aqui, não estava entre nós.

Me transformei novamente, sem ligar para a nudez. Eu estava devastado, triste, eu queria tanto conhece-la.

Alguém me trouxe uma bermuda e coloquei sem sair da nuvem de pensamentos que me rondava.

Meu pai parou ao meu lado, com um sorriso murcho e bateu nas minhas costas como de costume. Minha mãe que estava ao seu lado, um passo atrás e me envolveu em seus braços como se eu ainda fosse um filhote que acabou de cair e se machucar.

- Não desiste não, os deuses estão preparando algo especial para você - foi sua frase de apoio para mim e eu me agarrei a ela como se fosse a minha única forma para viver.

E foi assim, me agarrando a essa frase, que eu vivi os dias seguintes.