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O tempo é uma coisa realmente bem complicada... Eu conheço algumas pessoas que até mesmo diriam que ele é o juiz dos juízes, outras pessoas que eu conheço, por sua vez, diriam que ele é o cruel carrasco de todos nós, enquanto eu, o Tempo, o nada humilde narrador desta linda e peculiar história apenas posso afirmar que o tempo, é uma coisa curiosa, engraçada e totalmente incontrolável, seja para o bem ou seja para o mal.

Talvez por ter essa visão sobre as coisas, consciente do imenso tamanho de meu significado, eu posso falar sobre tempo de acordo com as duas faces que sabemos que ele tem, dizendo que, pelo lado bom, é importante lembrar de como é que ele nos cura, como ele nos traz paz e pelo lado ruim, é necessário salientar o tanto que ele pode nos castigar, do tanto que ele pode nos tirar e ainda assim, lembrar de tudo o que ele nos traz... Mas, não posso me atentar à todas essas particularidades, porque me falta tempo. Nessa história, especificamente, preciso me ater à grandeza dos pequenos e breves momentos de tempo que de forma inconsciente e até mesmo um tanto aleatórias, costuraram o destino de duas pessoas do início ao fim de suas vidas de uma forma interessantemente surpreendente.

Esta história em particular vai contar sobre essas costuras do tempo, sobre ir e vir de suas linhas, sobre os nós e os laços que unem e desunem pessoas, de tempos em tempos. Estranhamente, o tempo se torna o denominador de nossa narrativa, e em ciclos contínuos e um tanto imprevisíveis, ele volta a unir nossos protagonistas nas mais diversas fases de suas vidas e nas situações mais estranhas e hilárias, fazendo-os reviver e relembrar partes de suas vidas constantemente.

Deixarei aqui reflexões sobre o tempo que me fizeram atentar para sua importância e brevidade. Deixarei aqui algumas das frases que me motivaram a encontrar todas as dobras, costuras, laços e nós dessa história e espero, que em algum momento, você também consiga relembrar de algo ou ainda, de alguém que em algum momento de sua vida, foi importante, e que por algum motivo qualquer, não esteja mais presente ou que tenha sumido... De tempos em tempos, é preciso relembrar e eu espero, querido leitor que ao fim dessa história, você tenha alguém de quem se lembrar, espero que tenha algum nó para desamarrar ou algum laço para fortalecer, porque se tem uma coisa que eu, este humilde e nada importante narrador aprendi nessa vida é que o tempo é constante, mas não é, de forma alguma, eterno e por isso, deve ser valorizado e aproveitado de forma plena.

Então, queridos leitores, muito prazer, eu sou o Tempo. E eu sei que isso parece bem insólito e abstrato, mas apenas eu mesmo, o tempo, poderia ser capaz de me tornar o narrador dessa história de amor um tanto estranha, para não dizer totalmente absurda. Eu vim a ser o narrador porque desde o momento em que eu acabei por uma casualidade, iniciando o que era para ser uma linda história, havia planejado para ela, uma série de desfechos trágicos que, ao longo da minha existência ou, ao longo do tempo, como venham a preferir, acabaram esbarrando em um colega meu, o destino e eu confesso que ele tinha os planos dele e eu, os meus...

Eu não me orgulho de ter sido, muitas vezes, cruel com o casal em questão... Em vários momentos dessa narrativa, eles mesmo foram tão cruéis – para não dizer que foram teimosos, isso eles também foram – com eles mesmo e um pouco idiotas, se me permitem dizer, afinal, eu sou o tempo, e eu não costumo me perder demais, preciso dizer o que deve ser dito e sem muitos rodeios, então, perdoem minha franqueza.

Sendo eu o Tempo, posso dizer que até carrego um certo orgulho por poder acompanhar a trajetória desses dois e por ter mantido eles juntos sempre que foi possível e pelo máximo de tempo que eu consegui... Mas, muitas vezes, as próprias escolhas deles acabaram os afastando – então eu não sou bem o culpado de tudo, assim como o Destino, ele não é, exatamente, o único responsável...

Essa história toda começou com um erro: um erro simples e bem banal: um funcionário de um hotel de luxo no litoral do Rio de Janeiro, não teve exatamente uma boa noite de sono. Ele acabou acordando apressado, atrasado e totalmente distraído e, chegando ao seu local de trabalho, o restaurante do hotel, ele acabou confundindo-se comigo e marcando em um controle de reservas, uma reserva em uma noite errada e colocando dois casais recém casados, na mesma mesa e no mesmo horário, um para a quinta feira e o outro, para o dia vinte e dois... Bem... A verdade era que ele marcou errado e o dia vinte e dois era na quarta, mas o casal chegaria na quinta e como o erro havia sido dele, ele precisaria consertar – e ouviu isso aos berros do seu gerente, um cara bem irritante, nunca gostei dele, inclusive.

Eu pretendia ser bonzinho com o cara, eu não costumo ser carrasco de toda a humanidade, ao menos não sempre. O cara era gente boa, e o nome dele era Marcos, mais um trabalhador brasileiro, desses que pegava dois ônibus e andava bastante para chegar em casa, eu sabia que não tinha sido negligente apenas, um homem um pouco cansado e também confuso. Eu poderia atrasar umas pessoas, adiantar algumas outras e no fim das contas, todos teriam acabado jantando naquela linda noite e comemorando as suas próprias coisas mas então, o Destino veio se intrometer e bem, ele tentou dar uma lição em Marcos e não me deixou consertar as coisas do meu jeito – e isso pode ter sido bom para nossos protagonistas, de toda forma e apenas por isso que eu não vou ficar tão bravo assim com a intromissão do Destino... Mas o que importa, meus queridos leitores, é que este nada humilde narrador, vai contar essa história em todos os mínimos - e importantes - detalhes.

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