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Eles estavam ali, encarando uns aos outros, com seus olhos cheios de fúria, tomados pela loucura, a loucura do sangue, do domínio, de saber quem era o melhor... Aqueles três que já haviam sido bons irmãos agora estavam se digladiando, cada um ao seu modo, como eles haviam mudado, de irmãos companheiros passaram a inimigos mortais, tudo pela ganância.

O mais velho tinha uma aparência assustadora, chegando a medir mais de dois metros de altura, com o corpo todo recoberto de pêlos, meio curvado para frente, às mãos agora eram garras e as pernas eram patas, a face mais se assemelhava a um lobo do que a um humano, mas um lobo muito mais evoluído, com os olhos vermelhos como o sangue, os dentes mais afiados do que o aço, o nariz agora um focinho bem desenvolvido que poderia sentir qualquer espécie de cheiro... Sim, já não era mais um humano, ele inspirava medo, com sua aparência horrenda, com seus dentes afiados, com seus sentidos apurados, ele agora era um Lobisomem, o primeiro de sua raça, a mistura entre humanos e lobos...

O segundo tinha uma aparência muito mais humana, mas de uma forma quase cadavérica, com sua pele branca como a morte, os olhos pretos como o ébano, com sua carne dura como ferro, os caninos eram grandes e pontiagudos, enquanto os mostrava de forma ameaçadora para aqueles outros dois, usava uma camisa preta toda rasgada, manchada com sangue seco, calças largas de um tecido fino, que um dia fora perfeita e agora também estava rasgada, a longa capa vermelha que o encobria parcialmente tinha sido destroçada ao meio... Ele que fora mordido por um morcego e agora era aquela criatura, mais rápida que os humanos, mais perigoso que os animais, com sua sede por sangue inacabável, sim ele era um Vampiro, o primeiro de sua raça, a mistura entre humanos e morcegos...

Por fim o mais novo de todos, mas o que mais se parecia com um humano comum, não tinha mudança aparente, os longos cabelos que um dia foram pretos agora estavam cinzas, os olhos que um dia foram verdes agora estavam de um tom ametista claríssimo, sua força física não havia aumentado, mas sua mente havia evoluído muito mais do que qualquer humano, com usa capacidade de mover, destruir, reconstruir, criar objetos, vidas, sua capacidade vinha de sua mente, de seu espírito, o poder de lidar com os elementos naturais, ele que havia evoluído a um ponto tal que chegara a loucura, fitava aqueles dois concentrando sua energia em sua mão para formar uma esfera de energia esverdeada... Um ser humano tão evoluído e tão integrado aos elementos da Natureza, aquele era a mistura de humanos com os elementais da natureza...

-Flash Back On-

- Ali está! Olhem, parece que finalmente encontramos a caverna! – Eric, o mais velho, falou divertido e feliz, porque depois de quase quatro semanas procurando por aquela caverna eles finalmente haviam encontrado.

- Agora podemos desvendar esta lenda ridícula... É claro que não há nada de sobrenatural por aqui... Apenas uma caverna como qualquer outra nessas montanhas... – Aadrian comentou com seu ceticismo característico, o mais novo dos três, mas o que menos acredita em magia, deuses, um incrédulo por natureza, seu sorriso cínico era a amostra perfeita de como estava se sentindo, aquela busca não daria em nada...

- Oh, cale-se irmão, não vês que pode finalmente descobrir o quão grande são os Deuses? Além do mais, estamos aqui em busca de aventuras, lembra-se da última? – Gabriel comentou sorrindo e também feliz, jogando a cabeça para trás rindo enquanto se lembrava da imagem de Aadrian gritando por socorro enquanto ficava pendurado. – Foi muito divertido ver você gritando Aadrian...

- Não foi nem um pouco divertido! Eu quase morri! E por sua causa! – Aadrian ficou serio, mas logo depois sorriu. – Está certo, foi divertido! Mas agora estamos aqui, devemos esperar até amanhecer para podermos adentrar a caverna...

- Até amanhecer? Eu não agüentaria! – Então Eric pegou mais uma tocha e acendeu, enquanto caminhava em direção a entrada, já era noite, a lua cheia brilhava com intensidade no céu, enquanto os lobos uivavam ao longe, o vento estava ficando cada vez mais cortante, mas nada disso parecia assustar aquele homem, destemido e totalmente excitado em saber que eles poderiam voltar com a resposta que tanto atormentava o pai deles. – Eu quero saber logo se existe mesmo algo sobrenatural por ai! Vamos irmãos!

Aadrian olhou para Gabriel que confirmou com a cabeça e então os três adentraram aquela caverna, a conversa girava em torno do local e de como eles sairiam dali, mas eles seguiram por um longo caminho reto, com as paredes da caverna não muito longe deles e também não era muito alta, o som de água pingando era constante, assim como um pequeno zumbido meio estranho, mas possivelmente era que vento reverberava...

- Viu, eu disse que não tinha nada demais por aqui... – Aadrian comentou, mas no mesmo instante parou, pois aquele longo corredor de pedras estava se abrindo e o som de patas e uivos podiam ser ouvidos. Cada um deles sacou rapidamente as espadas, enquanto Eric continuava a segurar a tocha, para iluminar perto deles.

- Vamos continuar... Devem ser lobos famintos... – Gabriel falou enquanto continuava a andar, os três andavam ao mesmo tempo, então ao adentrarem aquela área mais ampla o som agudo de morcegos começou a reverberar, fazendo com que os três largassem suas espadas e a tocha levando as mãos aos ouvidos. Assim que a tocha se apagou por completo aquele barulho infernal acabou, mas eles não haviam sido atacados por nada, era como se eles estivessem apenas sendo ameaçados.

- Achem suas espadas, não vou acender outra tocha... Mas devemos nos manter juntos, há algo muito estranho acontecendo... – Finalmente Eric estava sério e alerta, enquanto procurava sua espada, estava engatinhando pelo chão, já que era impossível ter alguma visão dentro daquele lugar. Enquanto procurava ele acabou tocando algo macio, como se fossem pêlos e então escutou o uivo e o grunhido de um lobo. Instantaneamente Eric se afastou e o lobo atacou-o, mordendo-o na perna, nos braços, tentando arrancar aqueles membros; a dor era intensa. Eric tentava lutar como podia, pegando pedras no chão e atacando o lobo, chutando-o, tentando arrancar a cabeça do mesmo, mas a cada nova defesa ele era ferido até que finalmente sua visão foi turvada e ele caiu inconsciente no chão...

Aadrian já havia começado a procurar sua espada e quando escutou o uivo do lobo tentou ir ajudar seu irmão; gritou o nome, mas não obteve resposta e a única coisa que ouvia era aquele zumbido infernal das asas dos morcegos; sentiu que eles o envolviam, começou a rodar pela caverna, enquanto tentava espantá-los, mas sentiu quando sua carne foi atacada e as presas afiadas penetravam e a dor começava a se tornar praticamente insuportável. Seus gritos eram de puro horror, nunca havia sentido tal dor e foi quando por fim veio ao chão também inconsciente.

Gabriel, que por algum milagre havia chegado em uma das paredes, tentava respirar normalmente, mas o ar ao seu redor ficava cada vez mais pesado ele escutava os gritos dos irmãos e os uivos dos lobos aquele barulho infernal das asas dos morcegos. De seus olhos saiam lagrimas, ele tentava ver alguma coisa até que por fim ele começou a enxergar no escuro, viu seus dois irmãos no chão e correu para ajudá-los, mas quando tentou se afastar daquela parede sentiu-se preso, como se a parede lhe prendesse, pôde perceber claramente sua pele sendo rasgada e o sangue começar a escorrer enquanto algo lhe penetrava e lhe machucava, seu corpo estava sendo encoberto por dentro e por fora por algo desconhecido, como se fosse um liquido, mas era tão pesado quanto o aço. Seus olhos se turvaram e ele finalmente perdeu toda a consciência.

Toda a caverna se iluminou naquele instante enquanto os três irmãos estavam caídos em meio ao próprio sangue, em seus estados mortos-vivos, lutando pela própria vida, enquanto os morcegos e lobos os cercavam e a própria caverna se movia. O que era aquilo? Aquela caverna tinha vida própria e agora aqueles três teriam que mostrar que eram dignos de sair dali com vida e se isso acontecesse tudo mudaria, o mundo mudaria... Pois ali estavam os três filhos de Gaia, cada um com sua função...

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