Home/ O Rei Alfa quer se casar comigo!? Completed
Salvei um lobisomem estranho uma semana atrás e me tornei sua luna uma semana depois!
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YENA

Ouvi ao longe o estrondo de um trovão, cujo eco ressou pela caverna, zumbindo.

Olhei para o estranho que dormia nu, deitado ao meu lado. Quando os relâmpagos piscavam lá fora, iluminavam o corpo musculoso dele por um breve momento. Ele estava coberto de lama e de sangue e, embora estivesse na forma humana agora, ainda parecia uma criatura selvagem e monstruosa.

Em toda a minha vida, nunca me deitei com um homem nu antes. Muito menos com um estranho enorme e lindo, que quase sangrou até a morte pouquíssimas horas atrás.

Tentei estudar seu rosto com a pouca luz que havia. As sobrancelhas dele eram grossas e escuras, os olhos eram fundos e o queixo era definido, o que lhe dava um ar sério. Uma barba por fazer, curta, desgrenhada e também escura, cobria a mandíbula dele.

Observei seu peito forte subindo e descendo com as respirações superficiais do sono profundo em que ele se encontrava e comecei a salivar.

Era melhor parar de encará-lo, então me virei para assistir à tempestade. Eu não conseguia acreditar na chuva torrencial caindo lá fora, que mais parecia anunciar um dilúvio. Os galhos das árvores estavam cedendo por conta dos ventos violentos; ouvi-os quebrarem e caírem montanha abaixo.

Eu estava aqui hoje porque tinha vindo acampar com algumas colegas de classe — ou pelo menos foi o que me disseram.

Como uma das únicas garotas humanas normais na Werewolf Noble Academy, sempre fui uma das pessoas menos populares. Pior do que isso era que quase todos na faculdade, incluindo meu irmão adotivo, Evan, me atormentavam por ser gorda.

Foi por isso que não pude acreditar na minha sorte quando umas garotas bonitas de uma das aulas que eu frequentava me convidaram para acampar na montanha com elas no fim de semana. Porém, assim que chegamos na floresta, elas me largaram sozinha na beira de um penhasco e foram embora. Quando consegui descer e voltar à estrada principal, descobri que meu celular estava sem bateria, então não pude pedir ajuda.

Depois, enquanto eu caminhava à beira da estrada, nuvens acinzentadas foram cobrindo o céu. Senti o cheiro de umidade no ar, e, logo em seguida, começou a chover.

Saí correndo, procurando desesperadamente por abrigo, quando me deparei com um lobo ferido perto da estrada. Ele estava machucado e inconsciente, com um corte na perna da frente. Uma poça vermelha crescia em volta dele, fazendo-o afundar um pouco na terra molhada.

Fui devagar até onde ele estava. A respiração dele era lenta e irregular. Assim que avistei uma caverna, não perdi tempo; carreguei-o para dentro dela, encharcando minhas roupas com seu sangue, e o deitei no chão.

Rasguei uma parte de minha jaqueta e usei o tecido para enfaixar a perna dele. Quando o sangramento parecia haver parado, caí ao lado dele e desmaiei de exaustão.

Dormi por um tempo e, quando acordei mais tarde, no meio da noite, o lobo havia sumido.

No lugar dele estava um estranho lindo e corpulento. Os curativos improvisados estavam no chão. Deitada ao seu lado, pude sentir seu hálito quente em minha pele e não consegui evitar me aproximar do homem.

Dei as costas para a entrada da caverna e voltei a observar o estranho. Notei que o corte no ombro dele havia se aberto de novo, e mais sangue, fresco e úmido, escorria.

Estendi a mão e toquei a ferida com cuidado.

Ele inspirou com força.

Eu não conseguia tirar a mão de lá. O ardor do corpo dele pulsava em meus dedos, fazendo meu braço formigar e inundando todo o meu corpo com calor.

De repente, ele aproximou o corpo de mim e meus dedos afundaram no machucado quente e sujo de sangue. O estranho deu um grunhido com a voz grossa.

Corri os dedos ensanguentados pelo peito dele. O emaranhado de pelos grossos que havia ali estava coberto de lama, deixando-os ásperos.

Ele aproximou o rosto do meu, de forma que os lábios dele ficaram bem pertos dos meus. Senti seu hálito quente em minha boca, e ele tocou meu rosto, acariciando a bochecha com a mão grande e áspera, que deslizou pelo meu pescoço e continuou descendo.

A mão dele parou na curva grossa do meu quadril, e ele apertou com força.

Meu sangue esquentou, como se isso tivesse acendido uma chama dentro de mim.

Eu não aguentava mais. Gemi e me joguei em cima dele. Ele me deu um forte abraço, pressionando-me contra seu corpo, antes de começar a puxar minhas roupas. Deixei-o rasgá-las.

Lá fora, veio o estrondo de um trovão.

Continuamos nos beijando com uma paixão frenética, explorando com as mãos cada canto do corpo do outro.

Relâmpagos repentinos e ofuscantes iluminavam a noite, projetando sombras dançantes nas paredes da caverna.

Só conseguíamos ver nitidamente um ao outro por breves segundos. O olhar dele era penetrante e intenso, e seus olhos cor de esmeralda brilhavam com cada relâmpago.

Ficamos grudados por horas, como se houvesse uma força magnética nos unindo. Eu não sabia quem ele era, mas, de alguma forma, parecia que nossos corpos se conheciam, ou até pertenciam um ao outro.

Ele era bruto, e nós dois não tivemos a menor vergonha.

Cada toque me causava um choque de prazer.

#

Acordei com o barulho da água pingando no chão de pedra e com a distinta sensação de estar sozinha na caverna.

A tempestade havia passado, e o estranho não estava em lugar algum.

Respirei fundo.

Eu ainda conseguia sentir o cheiro dele. Percebi, mal acreditando em como meus sentidos estavam aguçados, que ele havia deixado dois cheiros diferentes para trás: o do lobo e o do homem.

Esfreguei o rosto com as mãos e senti nelas o odor metálico do sangue misturado ao da terra.

Algo estava diferente.

Sim, eu havia perdido a virgindade no meio da noite mais bizarra da minha vida.

Mas não era só isso. Eu me sentia acordada; viva.

Levantei-me e me espreguicei. Eu me sentia relaxada, e meu corpo estava quente, como se houvesse uma energia que nunca senti antes pulsando dentro de mim.

Aí, ouvi uma voz.

Ela não era alta. De alguma forma, era como se viesse de dentro.

No começo, foi tão baixa como um sussurro.

'É porque você se transformou', disse a voz.

Saí da caverna e fui banhada pela luz amarela do sol.

'Você é uma loba', continuou a voz, ficando mais alta.

'Ou melhor... Você tem uma loba dentro de você: sou eu. Pode me chamar de Lily.'

Será que eu estava ficando louca? Eu nunca tinha ouvido essa voz antes.

Mas não me parecia loucura.

Lily... A voz dela era quase igual à minha, só que mais leve; mais feliz.

'É porque somos dois lados da mesma alma', explicou ela.

'Estive com você desde o começo e sempre estarei. Só estava esperando você encontrar seu poder. Tudo vai fazer sentido quando eu explicar.'

Dezoito anos. Por dezoito anos, fui apenas um ser humano normal e sempre senti que havia um vazio dentro de mim.

Agora, esse vazio enfim tinha sido preenchido.

#

Desci a montanha e segui um riacho até o rio. Eu estava me deslocando mais rápido que o normal e pisava com uma firmeza surpreendente no chão macio.

Ajoelhei-me à beira do rio, bebi um pouco d'água e lavei o rosto e as mãos.

Minha camisa estava dura por conta do sangue seco. Lavei-a no rio, torci-a o máximo que pude e a vesti, ainda que estivesse úmida. Ela grudou em meu corpo, o que me causou arrepios.

Enquanto tirava a grama de meu cabelo, escutei a voz de Lily, cada vez mais clara.

Ela me disse que eu era diferente das meninas da faculdade. Eu supostamente era ainda mais poderosa do que elas, com habilidades que eu não conseguiria acreditar que tinha nem se ela me contasse.

De fato, parecia difícil de acreditar.

Ela me disse que meus poderes acordaram quando me conectei com meu companheiro predestinado, e que agora eu cresceria e me tornaria meu verdadeiro eu: a mulher mais linda, com uma linhagem antiga, mais nobre do que a da família real do atual governo.

Eu ri. Companheiro predestinado? Mais nobre que o rei Lycan?

A mulher mais linda?

Sempre tive um complexo com a minha aparência.

Não ajudava em nada que, quando éramos crianças, Evan não parava de beliscar e cutucar as gordurinhas dos meus braços, fazendo piadas e me chamando de gorducha.

“Yena! Yena!"

Como se eu o tivesse conjurado ao pensar nele, Evan apareceu de repente e veio correndo em minha direção.

“Evan? O que você tá fazendo aqui?"

Ele estava usando as roupas de treino: uma camisa branca imunda com ombreiras, além de estar segurando o capacete de futebol americano em uma das mãos.

"O que VOCÊ tá fazendo aqui?"

Ele estava me olhando de um jeito estranho.

"O que foi?", perguntei.

Ele deu um passo para trás, olhou em meus olhos por um segundo e então desviou o olhar.

"Eu tô te ligando desde ontem à noite", disse Evan, "Eu... Você... O que..."

Ele parou no meio da frase e franziu a testa, olhando para as minhas roupas.

"Desculpa, meu celular ficou sem bateria", respondi. Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, ele me interrompeu.

"Bom, me liga mais tarde", murmurou, "Tenho que…"

Ele se virou e saiu correndo. O rosto e as orelhas dele estavam vermelhos.

Aí, ouvi a voz de Lily.

'Agora você entende? Ele tá nervoso porque você é linda!'

Evan? Meu irmão, que zombou de mim por toda a minha vida por causa do meu peso?

'Você vai ver', falou ela, rindo.

Abracei meu próprio corpo, minhas curvas, sentindo-me estranhamente confortável com elas.

Se Lily estivesse certa, talvez eu me tornasse mais bonita com o tempo.

Mas eu sentia que tudo já havia mudado.

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