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POV: Jaejun

Hoje é primeiro de setembro, meu aniversário!

Sou Jeon Jaejun e hoje estou completando dezenove anos. O intuito de ter saído de casa junto aos meus melhores ㅡ ou piores ㅡ amigos hoje, foi de comemorar até não conseguirmos mais ficar de pé.

O negócio era beber álcool até não aguentar e um de nós sempre ficar responsável por todos os outros para levar-nos em segurança para casa.

Isso sempre deu certo? Não, uma vez, por exemplo, Jack me deixou dormindo no jardim da casa da Minah, e eu só acordei às oito da manhã com os regadores de grama me molhando todinho. Ok, eu ainda era menor de idade e não tinha como me levar até a pensão que naquele tempo eu morava, sequer me aguentava de pé e a dona reclamaria muito. Por isso ele me deixou lá com Yejun.

E você deve se perguntar: "mas e o Jack?", certo? Ele também dormiu no jardim, não conseguimos adentrar a casa e dormir em um dos diversos quartos que haviam lá, mas ele foi mais cuidadoso, dormiu numa espreguiçadeira e debaixo de um guarda-sol.

Depois disso, Jackson nunca mais foi o responsável pela galera.

Mas como hoje é meu aniversário, já havíamos passado o dia todinho na casa de Minah, ela era amiga que mais tinha dinheiro e seus pais geralmente não estavam em casa. E mesmo que Jack também fosse bastante rico, a casa dela era a mais próxima, nós sempre nos reuníamos em ocasiões boas.

Passamos a tarde toda na piscina, bebendo tudo o que tivesse álcool como mandava o nosso regramento e rindo deliberadamente de qualquer coisa.

Quando a noite chegou, decidimos que íamos à procura de boates boas e novas, que fosse conveniente o suficiente para que um grupo de jovens-adultos dançarem em paz e beber um pouco mais.

Mas o resultado disso? Passamos por quatro boates diferentes e nenhuma era legal o suficiente.

A primeira era quente demais e a segunda era escura e tinha muitas pessoas estranhas. E não que isso fosse ruim, mas um homem com a cabeça raspada e com um alargador no nariz ficou me encarando por dez minutos, aquilo me deixou tão assustado que fomos para a terceira, mas lá tinha tanta fumaça de cigarro, que tínhamos a certeza de que sairíamos com um câncer de pulmão!

A quarta foi a mais de boa, não tinha tanta coisa estranha, a música era legal, mas ainda assim, não nos agradou.

E quando já estávamos cansados e um pouco tontos devido às bebidas, propus que fossemos para casa dormir, mas é claro, um voto contra todos os outros, não fez que nenhum me ouvisse.

ㅡ Eu vi algumas pessoas falando de uma boate que está sendo bastante falada no momento.

ㅡ Twitter? Tô fora, nada que vem dali é bom!

ㅡ Deixa de bobagem, Jae, vamos nessa e ponto, será a última.

Olho para Jackson e reviro os olhos.

ㅡ Qual o nome? ㅡ pergunto.

ㅡ Space sirena. ㅡ Song responde, olhando a tela.

ㅡ Tem nome de cabaré. ㅡ Rini diz, abraçando Minah pela cintura. ㅡ o que você acha, amor? ㅡ a pergunta.

Minah apenas dá de ombros.

ㅡ Vamos nessa e ponto. ㅡ anuncio parado no meio fio. É tarde, mas ainda existem alguns jovens meio bêbados caminhando. ㅡ Space sirena.

ㅡ Não é boate hétero, é? ㅡ Yejun torce o nariz. ㅡ não gosto de ambiente com homem suado tirando a camisa e achando que isso é a coisa mais sensacional do mundo.

ㅡ Até parece. ㅡ Jackson negou vagamente, olhando-o de soslaio.

ㅡ O lugar se chama Space sirena, com certeza não é balada hétero. ㅡ Taeshin fala, aproximando-se de mim e circula seu braço direito em meu pescoço. ㅡ Jaejae não gosta de lugares com mulheres bonitas, ele da erro.

ㅡ Deixa de besteira, é claro que eu gosto de mulher! Até porque eu sou hétero. ㅡ falo.

ㅡ Você não engana ninguém, ruivinho. ㅡ Taeshin diz, puxando minha bochecha. ㅡ pode ser bi, pan, ou qualquer outra coisa, mas hétero? Não... você com certeza gosta de paus.

ㅡ Vai se foder, Taeshin, pelo amor de Deus!

ㅡ É uma boate LGBT ㅡ Jack volta a fala, mostrando-nos a tela de seu celular.

Não importava realmente o local cujo iriamos, não, mas precisava ser, com certeza, um lugar que nos respeitasse como seres humanos e que respeitasse nossas sexualidades. Um lugar onde pudéssemos ser nós mesmos, sem ouvir as rotineiras piadinhas homofóbicas.

E já havíamos ouvido tanto daquilo que por isso era tão importante verificar o ambiente antes de apenas irmos. Tínhamos casal lésbico no grupo. Tínhamos amigos gays, e eu, que, mesmo um pouco confuso comigo mesmo às vezes, gosto de que mantenham o respeito. Não aceito que brinquem com esse tipo de coisa.

E se quer saber porque sou confuso, a culpa é todinha do Yejun. Um dia perdi uma aposta para ele e tive que ir até uma loja de produtos eróticos e comprar o pau de borracha mais bonitinho que eu visse. Eu não sabia que estava escolhendo aquilo para mim, sinceramente, escolhi porque achei que Yejun queria aquilo, mas hoje eu o guardo na minha gaveta de baixo em meu guarda-roupa, e vez ou outra, me pego observando-o e pensando: Como será?

Mas eu nunca usei! Nunquinha mesmo!

Tenho medo de me precipitar em algo e também tenho medo do que minha tia acharia caso soubesse que eu também gosto de paus... Digo, ela não deveria importar, mas seu ódio por mim já é tão grande, tudo só iria piorar.

ㅡ Parece ser uma boate legal ㅡ anuncio ㅡ mas só há um problema... ㅡ sorrio sem jeito, olhando-os.

ㅡ Qual? ㅡ Yejun pergunta.

ㅡ Eu já tô liso. ㅡ digo sem graça. ㅡ Meu salário ainda não caiu na conta, e o que eu tinha, acabou naquela última cervejinha...

ㅡ Oh, meu querido plebeu... ㅡ Jackson diz, se aproximando e também me abraça. ㅡ hoje é o seu dia, não se importe com isso.

ㅡ Mas assim eu fico mal... eu não gosto que gastem comigo.

ㅡ Pois deveria gostar. ㅡ Taeshin diz. ㅡ não há coisa melhor do que ser bancado por alguém.

ㅡ Você já foi? Porque pelo que eu me lembre, seu último namorado é professor.

ㅡ Pois é, mas estou a procura de um. Vai que acho um suggar daddy? ㅡ riu alto, fazendo-me negar.

ㅡ Não serei seu suggar daddy ㅡ Jack fala me largando e parando a minha frente. ㅡ até porque, eu não gosto de ruivos falsificados.

ㅡ Quer respeitar meu cabelo?

ㅡ Tudo bem, me desculpe, mas é que está desbotando, e...

ㅡ Jack! ㅡ faço biquinho, meu cabelo é tudo para mim. Fale de mim, mas não fale dele, poxa.

ㅡ Ok, me desculpe, amorzinho. ㅡ ele sorri, como quem não fez nada. ㅡ mas voltando... eu não vou ser seu “suggar daddy”, mas eu vou pagar sua cervejinha, não se preocupe.

ㅡ Eu também pago, não se preocupe. ㅡ Minah diz, ainda presa na namorada.

ㅡ Mas eu não vou me sentir bem...

ㅡ Parou, Jae. ㅡ Rini fala, com seu tom autoritário. ㅡ agora vamos logo.

Faço bico porque eu realmente não gosto de depender de ninguém para nada, muito menos em uma data tão importante como a que estamos hoje, mas poxa, quando a Rini manda parar, não posso contrariar.

ㅡ Vamos logo então ㅡ Jackson grita.

Eu sorrio junto à Taeshin, animado. Rini e Yejun apenas reviram os olhos e concordam com o grito de Jackson e seguem junto a todos nós, vendo Jackson buscar o endereço do local, já que vamos a pé mesmo.

Não caminhamos muito até chegar ao lugar, e as ruas de Itaewon são sempre animadas, então sequer nos cansamos ou entediamos até chegar à boate.

Ao contrário, riamos mais e mais, a cada vez que alguém tropeçava ou falava alguma besteira.

ㅡ Calem a boca, caralho! — é Rini quem grita, mas ela ri de Minah, que está pendurada no pescoço de Yejun. ㅡ vamos ser presos por baderna.

ㅡ Ah... cala a boca, tem uma caralhada de gente na rua, ninguém liga para nós não. ㅡ Taeshin resmunga.

ㅡ Desde quando você fala assim comigo? ㅡ Ela olha-o com o cenho franzido, mas segurando o riso.

Eu apenas ria, e só parei quando encarei a fachada preta da boate. Não era nada extraordinário ou que fizesse o queixo cair, mas tinha um carro parado em frente e com certeza valia por minha vida inteirinha de trabalho na conveniência.

ㅡ Deve ter gente muito rica aí dentro. ㅡ falo, olhando para meus amigos. Todos encaram o carro.

ㅡ Tomara que seja o “sugar daddy” que eu tanto pedi ao universo. ㅡ Taeshin fala, e quem o vê, até acha realmente que isso é verdade.

Encarei os seguranças do tamanho da dignidade que eu não tenho parado na entrada e esperei por qualquer um dos meus amigos falar com eles primeiro.

ㅡ Onde pago para entrar? ㅡ Jackson parou de frente com o mais alto e mais forte dele. O homem apenas apontou em silêncio. ㅡ obrigado, amorzinho.

Minah seguiu com ele e eu apenas permaneci parado. O segurança me olhou e mesmo que ele estivesse com um óculos escuros a noite, eu conseguia ver que ele cerrava as pálpebras e tentava ler minha alma.

ㅡ Certo. Vou comprar as entradas. ㅡ Minah anuncia e já caminha ao local onde tem uma pequena janela e o nome bilheteria numa plaquinha.

ㅡ Soube que aquele amigo do seu pai frequenta aqui. ㅡ ouvi Minah falar, retornando com Jackson.

Os olhos do Song arregalaram-se, foi engraçado.

ㅡ Aqui? ㅡ ele perguntou. Me entregou uma entrada e agradeci.

ㅡ Sim, na verdade, eu vi que ele marcou na rede social dele. ㅡ mostrou-o seu celular. Aproximei-me para ver.

O tal Kim Hanguk ㅡ amigo do pai de Jackson ㅡ havia postado e com ele estava mais duas pessoas. Um moreno de sorriso bonito e bastante alegre, e o outro era um loiro, que não dava para ver muito bem o rosto, pois estava de perfil.

ㅡ Quem é esse? ㅡ Taeshin apontou. Olhei-o e vi que estava sobre o ombro de Jackson.

ㅡ Não está marcado na foto. ㅡ Minah falou, entrando nos comentários da foto. ㅡ Nada... Nem legenda tem, que estranho.

ㅡ Ele marca que está aqui, mas não marca os amigos gostosinhos que estão com ele?

ㅡ Vai ver eles não têm rede social. ㅡ falo. ㅡ ou não querem que saibam que estão aqui. Sei lá.

ㅡ Pessoas sem redes sociais são estranhas. ㅡ Yejun fala e eu percebo que não se aproxima apenas porque ver Jackson encarando a foto do Kim lhe incomoda.

Nunca entendi o que ambos tinham juntos, mas sempre demonstraram ciúmes um do outro.

Não conheci Yejun antes de sua transição, mas ele sempre dizia que não tinha o que Jackson gostava e isso sempre deixava Jack muito bravo. Ele dizia que Yejun não sabia o que falava. E se ele gostava de homem, porque não gostaria dele em específico? Isso fez Yejun ficar com bochechas vermelhas, me lembro bem, e naquele dia, ambos ficaram estranhos, até que dormiram juntos e o que aconteceu depois eu já não sei.

ㅡ agora vamos entrar logo, são quase meia-noite, o dia do Jaejae já está acabando. ㅡ ele fala rumando para a entrada.

Seguimos até lá, mas eu vejo Jackson ainda olhando a foto, e quando para ao meu lado, rio do modo em como ele amplia o zoom na cara do Kim.

ㅡ Minha santa Beyoncé, se eu pego esse homem...

ㅡ Pode pegar hoje, seu bobo. ㅡ Taeshin diz, logo atrás. ㅡ eu quero saber quem é o amigo dele.

ㅡ Você não tinha voltado com o JiHo? ㅡ olho-o.

ㅡ Não, a gente só transou mesmo. ㅡ fala simples.

Nego e nem pergunto mais nada. Meus amigos são confusos. Viro-me vendo algumas poucas pessoas na fila para adentrar o lugar.

ㅡ Será que está lotado lá dentro? — pergunto.

ㅡ Jae, você tem camisinha? ㅡ ouço Rini me perguntar e franzo o cenho ao olhá-la, não entendendo a súbita pergunta. ㅡ não se meta a transar num banheiro de bar e sem camisinha, entendeu?

ㅡ Rini! ㅡ arregalo meus olhos, sentindo-me envergonhar. ㅡ tudo bem... ㅡ afirmo, virando-me ao ouvir a risada dela.

ㅡ Eu entendo o Jae ficar vermelho assim, vocês falam de sexo como se fosse a coisa mais normal do mundo! ㅡ Yejun resmunga.

ㅡ E porque não seria, amorzinho? ㅡ Jackson toca-o na cintura, mas ri, quando Yejun se afasta.

ㅡ Sexo é normal, Yejun, assim como não querer fazer. Não é um Tabu. ㅡ Taeshin diz.

ㅡ Sei, sei...

Jackson revira os olhos para o resmungo do outro, mas segue quando enfim a fila anda.

O segurança busca o bilhete da Minah que está logo a frente e pede para que a garota erga os braços.

ㅡ Você está louco? ㅡ ela pergunta, olhando-o debaixo devido sua pouca altura enquanto põe as mãos na cintura ㅡ Eu não vou ser revistada por você com essas suas mãos de homem. Sou uma mulher e exijo outra para fazer isso, ora essa...

O Homem a olha com tédio e até penso que seremos expulsos antes mesmo de entrar, mas ele bufa e se vira para chama por alguém, e só depois, uma moça aparece.

ㅡ Nos desculpe o inconveniente ㅡ ela pede quando Minah enfim abre os braços para que o trabalho seja feito.

É rápido e discreto quando a mulher libera a Kim e Rini vai em seguida.

Caminho em direção ao segurança que Minah dispensou e sou revistado. Um a um foi adentrando a boate. E como de costume, esperamos até que todos estivéssemos juntos já do lado de dentro para só então, perambular.

O local era totalmente escuro na entrada, mas bastante iluminado por luzes coloridas por dentro. O som estava bastante alto e muitas pessoas já dançavam no centro da pista.

Jackson já entrou sorrindo junto à Taeshin, pareciam crianças em um parque de diversões. Rini e Minah estavam logo atrás e também sorriam, mas percebi quando Rini apontou para o bar e Minah assentiu, caminhando até lá com ela.

Procurei por uma mesa e vi uma mais no canto. Puxei Yejun para ir até lá comigo e ouvi o riso dele, quando parei.

ㅡ Não tem cadeiras. ㅡ riu ao constatar o óbvio.

ㅡ Não é para sentar, é para curtir o ambiente mais reservado. ㅡ Jackson brotou ao lado. ㅡ Mas se quiser sentar, estou aqui. ㅡ piscou.

Yejun, ao contrário do que achei que faria, não xingou, mas sorriu, negando.

ㅡ Tudo em você se resume a sexo, não é? ㅡ negou, olhando-o.

ㅡ Bem... talvez. Sentar é sempre bom, nós dois sabemos disso, e eu estou apenas me pondo a sua disposição. ㅡ falou rindo.

ㅡ Preciso beber. ㅡ Yejun disse, desviando da conversa, nos fazendo rir.

ㅡ Vou buscar algo ㅡ Jack falou.

ㅡ Vou com você. ㅡ Taeshin seguiu-o.

Vi quando vi meus amigos andando e dançando. Tocava Stupid Love e até mesmo Yejun dançava.

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