Home/ Minha Luna Destinada Completed
Eu, uma ômega sem loba, rejeitei meu companheiro Alfa por sua traição.
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Dizem que quando a vida te dá limões, você faz uma limonada, mas e se os limões estiverem podres? O que fazer, então? Uma pessoa mais otimista acharia algo útil para fazer com limões podres, mas não eu. Já estava cheio de só ter que lidar com coisas horríveis.

"Mas que diabos é isso?" Noah rosnou, seus olhos brilhando com despeito: "Só pode tá brincando comigo. Que tipo de piada doentia e horrível é essa!?" Ele gritou, chamando a atenção dos outros na nossa direção: "Sua v*dia, o que você fez!?" Ele me encarou com olhos avermelhados, que eu não pude evitar encarar.

"O que tá acontecendo?" As pessoas ao nosso redor sussurravam enquanto o filho do alfa me xingava, seus olhos brilhando com tanta malícia, que parecia que ele queria me enterrar viva.

"Querido, o que foi?" A loira ao seu lado perguntou com um beicinho, tentando chamar a atenção de volta para ela.

"Saia de cima de mim!" Ele deu de ombros e caminhou a frente, com passos decididos em minha direção.

Minhas pernas tremiam enquanto eu tentava fugir, mas meu corpo havia ficado bloqueado, fazia muito isso quando sentia perigo. Eu me tornei um coelho congelado, escondendo-se em uma concha artisticamente esculpida, aperfeiçoada ao longo dos anos, na qual entrava ao primeiro sinal de perigo, para poder me salvar.

"Você não pode ser minha companheira." Ele sussurrou com raiva na minha cara, saliva voando por toda parte: "Você não é boa o suficiente pra ficar ao meu lado." Suas palavras eram inaudíveis até para mim, que as pronunciou como se temesse que outra pessoa pudesse ouvir. Ele tinha vergonha de mim e eu não o culpava, pois também tinha vergonha de mim mesma.

Eu era uma pessoa vergonhosa. Era uma vergonha que, aos vinte anos, não tivesse a forma correspondente a uma loba e mais ainda como permitia que essas pessoas me lançassem de um lado para o outro, sem revidar.

"Eu não posso te aceitar," Noah rosnou na minha cara, seu hálito cheirando a álcool.

"Tudo bem", respondi com um encolher de ombros, escondendo a angústia que rasgava minhas entranhas.

Era o meu pior pesadelo acontecendo bem diante de mim. Havia sonhado por tanto tempo em encontrar meu companheiro, mas sem ter uma loba, eu sabia que as chances de rejeição eram altas. No entanto, isso não significava que eu não tinha esperanças. Companheiros são duas partes de um todo. Companheiros predestinados não se rejeitam, mas minha vida tinha mesmo que ser uma contradição.

"Eu sei que não sou boa o suficiente," murmurei para Noah, que ainda respirava na minha cara: "Eu entendo." Ele recuou, surpreso com a minha calma.

'O quê foi? Esperava que eu caísse aos seus pés e implorasse pra ser aceita? Eu tenho um pouco de orgulho, sabe? Posso ser uma ômega órfã e não ter loba, mas ainda tenho meu amor-próprio, por menor que seja', pensei.

"Você..." Noah gaguejou e em um minuto, seu rosto pálido ficou vermelho: "Você não é..." Seu hálito alcoólico irritou minhas narinas.

"Querido, o que foi?" Bella avançou e agarrou o braço de Noah, agarrando-se a ele.

Ele me lançou um olhar irritado, antes de agarrá-la pela cintura, puxá-la para seu peito e esmagar seus lábios contra os dela. A garota engasgou de surpresa, mas o puxou para mais perto, suas mãos se enredando em seu cabelo. As pessoas atrás assobiaram, mas ele manteve os olhos fixos em mim, enquanto beijava outra garota.

Não importa o quanto eu fingisse estar bem por fora, minhas entranhas estavam revirando-se e se contorcendo. Meu coração parecia estar sendo esfaqueado com uma faca cega, cortando e dilacerando, desacelerando por um momento, sendo quase impossível respirar. Com os olhos embaçados, observei os olhos de Noah se iluminarem, antes de fecharem, ao se envolver totalmente em beijar outra garota enquanto eu, sua companheira, observava.

Nenhum golpe jamais doeu tanto. Nenhum tapa, chute ou palavra dura até então havia me causado tanta dor.

Me virei, com o coração muito pesado para continuar assistindo a cena que acontecia diante de mim, mas quando o fiz, uma voz alta me fez parar.

"Encontrei minha companheira!" Noah gritou no corredor e eu fui tomada por silêncio. Atordoada, virei-me para olhá-lo.

Que truque será que ele tinha na manga?

"Parabéns, Bella!" Uma garota gritou ao lado deles: "Você vai ser a Luna, como disse!" Assim, as pessoas aplaudiram e a parabenizaram, sem perguntar com quem Noah estava pareado. Depois daquele ardente beijo, dado em público, não havia necessidade de perguntar.

A confusão brilhou nos olhos de Bella ao olhar para Noah, mas os olhos dele estavam fixos em mim, seus lábios puxados para o lado, enquanto observava minha reação. Seguindo seu olhar, ela me encarou e pude perceber seu sorriso desaparecer, ao mesmo tempo em que um olhar sombrio cruzava seus olhos e um frio cortante perfurava meu peito.

"Isso mesmo," ela disse com uma voz fria: "Eu sou a Luna do Noah." Ela levantou o queixo no ar e deu um sorriso altivo.

"Noah, meu menino!" O Alfa correu para o salão onde a festa de boas-vindas para seu filho estava em pleno andamento.

Mais cedo, os adultos haviam deixado o salão para os "jovens'" festejarem, mas naquele momento, o Alfa e sua Luna corriam para a festa para parabenizar seu filho por encontrar sua companheira. A Luna passou por mim, enquanto corria para abraçar Bella e eu ri baixinho, ninguém ouviu e foi tudo o que pude fazer naquela situação.

Eu deveria ser a parabenizada, não Bella, eu era a companheira de Noah, não ela, mas não podia dizer isso. Ele mesmo havia dito que eu não merecia ficar ao seu lado e estava certo. Havia acabado de retornar da universidade, onde passou os últimos cinco anos sendo educado para assumir a alcateia. O lugar de uma garota como eu não era ao seu lado, e Bella era mais adequada. Era a filha do Beta, uma garota bonita com um "corpo maravilhoso", uma atitude legal e o mais importante, uma loba beta. E quanto a mim? Eu não era ninguém.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, quando saí do corredor, e tentei me convencer de que isso era o melhor. Mesmo que Noah me aceitasse, sua família não me aceitaria e a alcateia nunca me respeitaria. Eu não nasci para ser uma Luna, eu sabia disso, mas as lágrimas não paravam.

Por que havia doído tanto? Por que meus limões têm um gosto tão ruim? Com quantas rejeições mais eu teria que lidar na minha vida? Meu pai me rejeitou, minha mãe, minha alcateia e agora meu companheiro também. Desde a minha concepção, eu não era boa o suficiente. Quando eu seria boa o suficiente? O que eu tinha que fazer para ser aceita?

Como uma das ajudantes da festa, não poderia sair como o fiz, mas minhas pernas me levaram para o meu quarto. As lágrimas caíram mais rápido e mais forte, enquanto eu tropeçava escada acima e assim que fechei a porta atrás de mim, gritei.

Era demais. As emoções me sufocaram, minha cabeça latejava, meu coração e minha garganta também, enquanto eu gritava mais alto.

"Por que eu!?" Eu gritei para o teto: "O que eu fiz? Por que tenho que sofrer tanto?" Eu gritei, arranhando meu peito. Isso machucava. A facada no meu coração doía demais. Meus membros tremeram, enquanto eu batia no peito: "O que eu fiz de errado?" Eu gritei: "Eu sou apenas..." Eu sou apenas uma pessoa, então por que tinha que carregar um fardo tão pesado?

Onde estava a deusa? Por que ela havia me abandonado? Por que minha criadora sempre me colocava em situações em que eu sofreria? Como uma deusa pode ser tão cruel?

"Eu te odeio," eu disse as palavras blasfemas: "Você é... você é muito cruel." As palavras ficaram presas na minha garganta apertada: "Você não deveria me amar?Não me criou? Por que você...?"

Até a deusa havia me rejeitado.

Eu nunca havia conhecido o amor e nunca pedi para ser amada, nem uma migalha de carinho. Tudo o que eu queria na vida era ser tratada como uma pessoa que tinha um coração com sentimentos. Queria que as pessoas vissem e entendessem que eu estava ferida e sofrendo, talvez então me tratassem como uma pessoa com emoções e não como um objeto para ser abusado. Não achava que fosse pedir muito.

A deusa deveria me dar um companheiro amoroso. Meu companheiro era a única pessoa no planeta que eu sentia que poderia me amar com todas as minhas falhas e deficiências. Por que ela teve que me dar um homem como Noah? Por que sempre fui criada para ser ferida e humilhada?

"Te odeio!" Eu não sabia para quem eram as palavras aquela vez, se para a deusa que me abandonou ou Noah, que não só me rejeitou segundos após descobrir que éramos companheiros, mas também proclamou outra mulher como sua Luna, bem na minha presença: "Eu odeio..." As palavras ficaram presas na minha garganta enquanto eu engasgava, meus olhos escurecendo por uma fração de segundo, enquanto uma faca afiada atingia meu coração.

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