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Patricia

O que? Não, deve ser um engano! Confere de novo - eu pedi à criatura que está atrás do balcão. Eu estava completamente indignada por tamanha humilhação

Patricia Lemos , Correto?- disse a raposa ardilosa.

Sim.

Está aqui, vôo para São Paulo , Brasil, sairá às 2h da manhã.

Isso eu já entendi! Eu quero saber por que você está dizendo que é um vôo comercial na segunda classe?

Desculpe senhora, mas é o que está aqui! Se a senhora quiser mudar a sua passagem para a executiva , são mil e quatrocentos euros .

OK! - entreguei a mulher irritante o meu cartão de crédito, fazia alguns dias que eles não estavam funcionando direito, ontem fui comprar uma bolsa baratinha de 1200 euros em torno de uns 6 mil reais, e a bruaca invejosa da loja , disse que eu tinha passado do meu limite. Onde já se viu, Patrícia Lemos, com cartão de crédito com limite? É como o meu pai sempre diz, em uma boa peça não se pode economizar.

Senhora Lemos?- disse a ruiva espantosa à minha frente, voltando a minha atenção a ela.

Sim?- respondi segurando o meu nojo da cara dela.

Seu cartão não passou, infelizmente não iremos poder mudar a sua passagem.

Não tem outro cartão?

Na verdade esse era o meu último- respondi com a cara no chão. Meu pai vai ter que explicar direitinho o que está acontecendo.

Ontem meu pai me ligou , dizendo que havia acontecido algo terrível, ele tinha sido internado no hospital , mas já estava em casa e precisava que eu voltasse urgentemente para o Brasil. Fiquei aterrorizada, faltam apenas alguns meses para eu completar a minha graduação em artes plásticas aqui em Milão.Espero que esteja tudo bem com o meu pai, eu o amo muito, ele é a única família que tenho.

Chegou a hora do voo, e com muita relutância e asco, desisti e me sentei na segunda classe daquele avião, em outras circunstâncias eu teria pego um jatinho particular e acabado com isso. Foram 11 horas insuportáveis naquele lugarzinho apertado,minha cabeça está latejando de enxaqueca, esqueci de comprar meus remédios para insônia. Lamento muito não tê-los comigo,mais ainda porque pelo menos o remédio iria me apagar por algumas horas ,o suficiente para não ouvir aquele bebê irritante que não calava a boca um segundo.

Bom, finalmente estou indo para casa, onde vou poder dormir em paz ,e comer alguma coisa, porque aquela salada estava horrível. O meu pai e eu, moramos em um condomínio de Luxo em São Paulo capital, uma pequena mansão de 2500 metros 2.

Ao sair do aeroporto, não encontro nosso carro com o motorista, como é de costume, isso está ficando cada vez mais estranho. Tive que pegar um táxi com o que ainda me sobrava em dinheiro, troquei meus últimos euros antes de voltar ao Brasil.

Chegando ao condomínio,passando por todas essas casas e praças,crianças correndo e brincando,senhoras da alta sociedade jogando tênis enquanto as suas babás criam os seus filhos,tudo isso me bate uma nostalgia, saudade da minha mãe.

O táxi me deixou na frente da minha casa e o motorista me ajudou com as malas, a minha casa está estranha.

Passo pela porta da frente e a casa parece vazia, o que é muito atípico, sempre temos muitos empregados e seguranças, somos uma família muito importante, o meu pai é um empresário que trabalha com joias de alto padrão,fabrica jóias apenas para celebridades e pessoas da alta sociedade.

Está tudo revirado por aqui, o sofá de couro branco parece surrado,os móveis empoeirados,o jardim da frente ,parece morto, a casa parece estar abandonada há pelo menos 2 anos.

Pai?- chamei e a minha voz ecoou pela sala quase vazia… Mas o que houve por aqui? Está tudo quebrado, vidro pelo chão, será que fomos roubados? Ai meu Deus, fomos roubados! Mas isso não explica a poeira.

Pai?-continuei gritando perdendo as estribeiras.

Aqui filha!- ouvi a voz do meu pai vinda do escritório dele.

Corri até lá me desviando dos cacos de vidro no chão, e estilhaços avulsos,mas porque essa casa está tão escura?

Pai? O que ouve? - Encontrei meu pai sentado atrás da mesa carregada de papéis amontoados. O escritório parecia revirado.

Querida…É…- Ele estava estranho, parecia triste e confuso,completamente perdido.

Pai, o que está acontecendo? Porque a casa está revirada? Porque me fez vir aqui? O que era tão urgente?Achei que você estava doente.- sem resposta. Meu pai apenas se levantou e andou em direção a janela e olhou para fora .

Pai? Mas que porra é essa? Me responda!

Eu gritei desesperada , para o meu pai tentando obter resposta. Eu estava ficando cada vez mais confusa, essa situação não era normal.

Quando uma única frase estrondou tudo.

ESTAMOS FALIDOS! Gritou me segurando pelos braços. Eu entrei em choque. Eu não consegui reagir. Meu corpo ficou inerte.

Agora tudo fazia sentido, meus cartões não funcionam , a passagem na econômica.Tudo veio de uma vez e comecei a chorar.

Patricia, estamos falidos , estou endividado,a empresa está endividada, vendi a casa em Paris, a casa de Campo, o loft em Los Angeles e ainda sim estamos falidos.- Ele tentou me explicar.

Mas como?- como chegamos a isso? Nós somos da alta sociedade papai,não tem como estarmos falidos, isso não é possível, deve haver um engano eu gritei a última frase tentando convencer a mim mesma de que tudo era apenas uma brincadeira de mau gosto.

Não, Patricia! Ei, presta atenção!- Meu pai disse me segurando ainda mais forte, comecei a sentir suas mãos machucarem os meus braços. Ele parecia outra pessoa.

Nós estamos muito endividados, boa parte foi graças a sua vida de luxo na Europa que nos custou muito caro. Quando você foi para lá a 4 anos ,já não estávamos tão bem, eu vendi algumas propriedades para pagar a sua graduação.-o homem que me criou disse palavra por palavra, calmamente mas com um olhar assustador, eu já não conseguia reconhecê-lo

Você está me machucando…- Foi a única coisa que consegui dizer, em meio a toda aquela confusão que se perpetuava na minha cabeça.

Ele me soltou,olhando para si mesmo,como se tivesse acabado de acordar de um transe. Eu não soube reagir,apenas me afastei lentamente daquele homem que não conseguia reconhecer.

E agora? O que vamos fazer? - perguntei tentando segurar as ultimas lagrimas.Não consegui chamá-lo de pai novamente.

E é aí que você entra.- ele respondeu com um olhar sombrio jamais visto por mim em sua face.

O que? O que temos que fazer? -respondi transtornada.

O que você tem que fazer.-Corrigiu-me

Olha querida, você vai se casar.-continuou cuspindo aquelas palavras de forma cômica.

-C-casar? C-como assim?- gaguejei.

Casar com um deles filhinha, assim tudo vai ser perdoado e ficaremos livres dessa dívida.- ele falou de forma branda, mas isso não o impediu de parecer um lunático.

O que? Não! Não! Não. Eu não vou me casar com ninguém. Eu não vou desfazer as suas merdas!-berrei.

A dívida é sua, eu não tenho nada a ver, agora eu tenho que casar com algum maluco por aí, não, ,não senhor.- disse sem acreditar no que estava ouvindo.

Sabe como eu consegui essa dívida? É claro que não. Até porque ao invés de trabalhar, você viaja pelo mundo. Enquanto pago a sua conta. Enquanto ele dizia essas palavras,me dei conta o quão enojada eu estava com tudo aquilo.

Como acha que viajou à Europa sem precisar se preocupar com o valor do euro? Eu me endividei para continuar mantendo o seu estilo de vida e agora essa é a única forma de resolver nossos problemas, eles já deixaram de aviso que depois de me matar eles te levariam como suvenir.Então é mais facil você ir por vontade propria agora, do que a força e por cima do meu cadaver.-praguejou de maneira fria, se sentado de volta s cadeira.

Horrorizada com tudo eu apenas congelei. Meu pai olhou no relógio em seu pulso e antes de que eu pudesse protestar. Dois homens entraram e me agarraram pelos braços.

Chegou a hora filha, você tem que ir com eles!- Meu pai disse. Pude ver uma lágrima escorrer pra sua face.

Fui levada à força até um carro, onde colocaram um saco de tecido na minha cabeça, eu só conseguia chorar enquanto gritava para me deixarem ir, mas sem resposta.Meus olhos começaram a arder e minha cabeça estava explodindo

Isso não pode estar acontecendo,não pode ser real. A dois dias atrás eu estava na varanda do meu apartamento em Milão, contemplando o meu último quadro, ainda estava com tinta no rosto, lembro-me de cada detalhe daquele pôr do sol esplêndido, ainda consigo sentir o sabor daquela taça de Barolo.

Me permiti que essa fosse a minha última lembrança antes de apagar

***

… Minha cabeça está doendo, minha visão embaçada, me sinto tonta...Tiraram o saco da minha cabeça … Aí, o que isso?...Eu tô amarrada, sentada em uma cadeira num canto do que parece ser uma sala de espera no alto da porta entreaberta consigo ver um relógio que marca as 18h..,…espera… ouvi um ruído, acho que tem alguém falando.

Quem foi o imbecil que amarou ela?- uma voz jovem e rouca soou

Fui eu senhor.-um estalo de tapa ecoou

Me desculpe, patrão! -A mesma voz de antes respondeu.

Arrumem isso!

Ouvi passos e a porta se abriu,de um jeito estrondoso, dois homens entraram e um deles com um canivete desamarrou as minhas mãos e os meus pés. Eu nem percebi que os meus pés estavam presos.

SEUS BRUTOS!- gritei para os homens que me soltaram

Meu pulso está doendo! Vou processar todos vocês!- gritei para os homens que agora estão de costas.

Me levanto num impulso maluco de querer fugir, mas a tontura me pega, e não só ela ,um homem forte também.

Patricia! Você está bem?-disse o dono da voz rouca e sexy me pegando no colo.

Eu .. Não sei..- minha voz saiu falhada , e essa foi a última coisa que eu consegui dizer antes de apagar novamente.

***

Acordei num susto, com um olhar curioso sobre mim, vindo do escuro no canto do quarto.Dessa vez estou num quarto grande e aparentemente confortável, pelo menos a cama é. Ainda me sinto fraca , pois não como desde o vôo. O silêncio reinava no ambiente

Quem é Você?- perguntei um tanto receosa quebrando o silêncio do lugar.

Seu futuro marido! - respondeu, ligando as luzes.

Nossa… acho que esse é definitivamente o homem mais lindo que eu já vi… Como pode ser tão sexy? Ele aparenta ter 1.80 ou 1.90 de altura, mandíbula marcada, seus cabelos cortados estilo militar, loiros naturais, olhos verdes penetrantes, uma boca carnuda bem desenhada,… E nossa, uma verdadeira montanha de músculos! Acho que pode ser um pouco mais velho que eu, acabei de fazer 25 anos de idade ,então ele deve ter uns 26 ou 27 anos.

Eu não quero me casar com você!- retruquei seria.

Não perguntei o que achava.-respondeu enquanto se aproximava.

Ele usava uma camisa regata preta e uma calça social da mesma cor.

Não chegue perto de mim!-ordenei e ele parou.

Levantei da cama e peguei a única arma que encontrei, uma caneta bic.

VOCÊ REALMENTE ACHA QUE TEM CHANCE?- O homem me perguntou, chegando ainda mais perto de mim, perto o suficiente para conseguir sentir a sua respiração.

Engoli seco quando ele me agarrou pela cintura colando os nossos corpos me fazendo perder o fôlego,ele pegou a caneta e a jogou na cama.

Quem é você? - minha voz saiu como num sussurro.

Já disse querida. Sou seu marido! - respondeu arqueando a sobrancelha de uma forma extremamente atraente.

Ainda não estamos casados!-retruquei com raiva ,tentando sem sucesso sair de suas mãos firmes.

Ótimo! Então já aceitou a ideia mais rápido do que eu esperava.- disse com um sorriso malicioso.

Onde estou?- minha pergunta saiu como uma súplica

Condessa.

Eu to numa favela?- perguntei horrorizada.

E qual é o problema Pati? -

Pati? Esse idiota me deu um apelido? Ele acha que sou uma criança?

Eu.. eu só.. - as palavras fugiram da minha mente por um instante.

Seus olhos eram frios e assustadores, ele parecia se divertir com o meu desespero.

Me solta!- pedi

Ele me soltou ,e eu tentei normalizar a minha respiração, que agora estava ofegante, por conta da aproximação não esperada. Ele se virou de costas, então sem pensar em mais nada, peguei a caneta novamente e voei em suas costas prendendo minhas pernas em volta de sua cintura, com um pouco de dificuldade, mesmo eu não sendo tão alta sou magra e minhas pernas são longas o suficiente para isso. Então enlacei o seu pescoço com o meu braço e pressionei a caneta em sua jugular.

Um movimento, e eu juro que mato você agora!

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