"Alteza, gostaria que eu fizesse, ou prefere fazer você mesmo?" Ela dirigiu um olhar indiferente ao Rei Lycan, cujos olhos, inicialmente cheios de afeição, foram subitamente invadidos por confusão.

"O que você quer dizer?" Ele perguntou, tentando concentrar-se na bela voz da sua companheira, que estava à sua frente. Ele estava ali para uma reunião de cumprimentos que lhe causava desgosto.

O pior era que esta reunião entre todos os Alfas, Lunas e seus Gamas existentes de todas as alcateias duraria a noite inteira.

'Por que não poderiam simplesmente ignorar esta noite e começar oficialmente a colaboração de um mês amanhã?' Pensava o Rei consigo mesmo todos os anos.

Ela ergueu as sobrancelhas enquanto estudava a expressão dele. "Huh. Você realmente parece genuinamente confuso."

Ele franziu as sobrancelhas, agora confuso e irritado. "Novamente, o que você quer dizer? E qual é seu nome?"

Os Alfas, Lunas e os melhores guerreiros de cada alcateia, conhecidos como Gamas, acabaram de chegar, e ele, como Rei benevolente, estava lá para saudá-los.

No entanto, se tivesse opção de escolha, o Rei preferiria estar lidando com os relatórios de ataques desonestos que estavam se acumulando em sua mesa. Ele mal podia esperar que a noite terminasse. Se ele fizesse suas rondas o mais rápido possível, ainda chegaria em casa a tempo de revisar três ou quatro arquivos antes de dormir.

Mas quando ele entrou no salão de reunião, sua impaciência, relutância e ódio pelos encontros e cumprimentos desapareceram em um instante.

"Meu nome é Valentina Eleanor Morris, alteza. Suponho que você fará isso, então?" Ela respondeu simplesmente.

Para o Rei, seu nome ressoava como a primeira brisa da primavera após vários longos meses de inverno implacável, a luz suave apropriando-se das nuvens cinzentas, o sopro de vida em um mundo frio e escuro.

"Fazer o quê?" Sua confusão não podia ser disfarçada, por mais que ele tentasse. Ele sentiu que sua companheira já estava a dez passos de distância, à sua frente, enquanto ele só havia dado o primeiro.

Quando ele entrou no salão, todos os lobos e Lycans presentes olharam em sua direção, alguns acenaram com a cabeça e outros se curvaram, mas ele apenas os olhou rapidamente.

O animal dentro dele estava seguindo um cheiro que nunca havia cheirado: Ervilha-borboleta e jasmim.

'Que combinação única'. Ele ponderou consigo mesmo.

Seus passos aceleravam à medida que o cheiro se intensificava. Em seguida, ele parou bem atrás de uma morena de um metro e cinquenta e cinco.

Suas costas eram pequenas, metade cobertas com cachos escuros e luxuosos que caíam facilmente de sua cabeça. Havia apenas uma palavra em sua mente: Companheira.

A figura começou a girar para enfrentá-lo, e seu coração parou. Ela ficou surpresa com sua súbita presença e deu um passo para trás.

O lobo dentro da sua cabeça rosnou. 'Minha'.

Valentina virou-se porque percebeu os rostos perplexos de seu Alfa e de sua Luna, ambos se curvaram em sua direção.

Ao virar-se, ela se deparou com um terno branco adornado por um smoking preto, e um intenso aroma de madeira de acácia e árvores da floresta a envolveu. Surpresa com a proximidade, ela deu um passo para trás, curiosa para identificar o responsável por tal presença.

Ao deparar-se com um homem de cabelos escuros, pele levemente bronzeada e olhos lilases, ela percebeu que o tal homem era o próprio Rei. Ela compreendeu a ação dos líderes de sua alcateia e curvou seus joelhos, abaixando sua cabeça, demonstrando respeito ao mais alto governante de todos os lobisomens e Lycans.

Uma sensação de calor subiu pelos ombros dela antes que ela percebesse as faíscas onde suas mãos tocaram sua pele. Para seu terror, ela reconheceu o homem à na frente como seu companheiro. Ele falou em voz clara e profunda. "Você não precisa fazer isso. Por favor, levante-se. Não se curve para mim." Seus olhos revelaram dor e desaprovação.

Valentina, surpresa com a resposta do Rei, não conseguia escapar da realidade de como o vínculo terminaria. 'Lá vamos nós de novo'. Pensou ela, antes de prosseguir e perguntar se ele queria que ela fizesse ou se preferia que ele mesmo a rejeitasse.

"Valentina, o que pretende fazer? Diga-me." Sua voz era suave, mas exigente. Seus olhos expressavam desespero e confusão.

Ela explicou com calma: "Vossa Majestade, prefere que eu o rejeite ou deseja fazê-lo pessoalmente?"

A esperança e a vida que ela lhe proporcionara pareciam estar prestes a ser arrancadas dele, pouco tempo após as encontrar.

Os olhos do Rei, que eram lilases, tornaram-se ônix enquanto ele rosnava estrondoso, assustando todos os presentes. A sala mergulhou em um silêncio mortal. Após explodir de raiva com o que acabara de ouvir, o Rei perguntou em tom baixo e assustador:

"Por que diabos um de nós rejeitaria o outro?"

Valentina, ficou surpresa novamente, mas manteve a alma. Ela deu de ombros e explicou: "Não sei. Talvez seja porque não sou o seu tipo, não me considero boa ou bonita o suficiente para você. Ou talvez você já tenha até escolhido uma companheira para se casar."

Antes que ela pudesse terminar, sua Luna sussurrou: "Pare com isso, Tina!"

Os olhos do Rei encontraram os da Luna, e ele rosnou: "Não pedi para você falar."